6 Lições para a filosofia de Nietzsche – parte 3
Qual o interesse do homem em submeter-se ao verdadeiro? Aquele que procura a verdade quer o que? Nietzsche responde que o homem necessita de um acordo de paz e empenha-se para que a ameça da guerra de todos contra todos desapareça. Essa necessidade de pacificação que leva o impulso à verdade, designando as coisas de forma impositiva, fazendo assim nascer o contraste entre a verdade e a mentira (2008b, p. 29). A sociedade, para existir, tem a obrigação de ser veraz, pois o mentiroso é aquele que ninguém confia e que todos excluem. É desse modo que o homem demonstra para si o caráter útil e venerável da verdade (2008b, p. 37).
Ao reduzir o desconhecido ao conhecido, o homem tem sua alma aliviada, tranquilizada, já que no desconhecido reside o perigo, a inquietude e a preocupação. Há como que um desejo primitivo no homem de eliminar esses estados que lhe são penosos, de se livrar de ideias que lhe são angustiantes. O prazer se torna pois, critério de verdade. Quando o desconhecido se torna conhecido, quando o novo e o inesperado são excluídos, o homem encontra tranquilidade e alívio. Diz Nietzsche que se busca um tipo de explicação seletiva e preferida que “conjurem com a maior celeridade e frequência o sentimento do estranho, do novo, de não experimentado” (1988, p. 50-51).
O homem quer algo conhecido ao qual possa se ater:
Logo que, no novo, algo de antigo nos é apontado, ficamos tranquilizados. O pretenso instinto de causalidade é apenas um temor diante do inabitual e a tentativa de descobrir nele algo de conhecido – uma procura não por causas, mas pelo conhecido… (III, I, 551, p. 286).
Em A Gaia Ciência, Nietzsche pergunta: o que é o conhecimento? E responde: “não mais que isto: algo estranho deve ser remetido a algo conhecido” (2001, V, 355, grifo do autor). Ou seja, o processo do conhecimento é aquele que o homem se depara frente ao já habitual, de modo que ele não mais se admira, não se sente mais frente ao estranho, ao inabitual, ao duvidoso. O homem do conhecimento é aquele que se sente em casa, sendo a necessidade de conhecer exatamente a necessidade do conhecido, a vontade de, frente ao inquietante, encontrar senão o sentimento de segurança reconquistado (idem). Essa segurança reconquistada, essa identificação do familiar, de sua lógica e mesmo do seu desejo torna imediatamente o homem feliz.
Todo processo de reconhecimento produz no homem um apaziguamento, um conforto, uma segurança. Quando ele reconhece o fenômeno que está acontecendo, quando compreende o que está diante de si, ele sente-se seguro frente à vida, sente-se calmo e confortado. Entretanto, a todo momento este mesmo homem se depara com fatos contraditórios, acontecimentos não muito claros que o confundem e o perturbam. O que deseja, pois o homem? Vencer essas contradições, retornando ao sentimento de conforto próprio da identificação, do reconhecimento, uma vez que o homem vive na pequenez da existência: na contingência, na torrente do devir e do passar. O mundo do devir é condenado e inventa-se um outro mundo, além deste, que se torna o verdadeiro mundo (NIETZSCHE, 2008a, I, I, 12, p. 32).
Em outras palavras, Nietzsche nos ensina que o dever da verdade nasce na relação moral que existe entre os homens (1984b, § 70). É esta relação moral que traz a exigência da verdade. Então, não é o caráter verdadeiro em si que o homem busca, mas a crença, a confiança em algo. Tal crença é poderosa, pois ela acomoda o homem, ele se sente encantado frente à felicidade que esse instrumento lhe traz. Assim compreendida, a verdade, após uma longa utilização, parece consolidada, canônica e obrigatória, mas não passa de uma ilusão antropomórfica que o homem esquece não passar de ilusão (NIETZSCHE, 2008b, p. 36).
É preciso acreditar nos enunciados verdadeiros, mas trata-se tão somente de crença, de uma crença balizada pela perspectiva humana. Em uma palavra, trata-se de uma superstição. São ideias com as quais ele pode viver melhor, de modo mais sereno, que lhe exige uma surdez, uma espécie de mortificação da alma para que não se perceba a força, o impulso, o ânimo ouvido pelos que gozam de melhor audição.
Ou seja, quando a verdade emerge, o homem não se encontra diante de uma questão ontológica ou epistemológica, mas antes, de uma questão moral – Nietzsche o diz literalmente: “o instinto de conhecimento é uma fonte moral” (NIETZSCHE, 1984b, § 91; 1992a, I, 6). Para Nietzsche, “A crença em ‘certezas imediatas’ é uma ingenuidade moral que nos honra, a nós, filósofos: mas – não devemos ser homens ‘apenas morais’! Prescindindo da moral, essa crença é uma estupidez que nos honra muito pouco!” (1992a, 34, p. 41) A vida humana tem necessidade de acreditar na verdade e, para isso, necessidade de criar ilusões. Diz Nietzsche: “A vida tem necessidade de ilusões… Tem necessidade de acreditar na verdade, mas para isso a ilusão chega” (1984b, § 47). Ou seja, a ilusão é suficiente para o homem acreditar no caráter verdadeiro dos enunciados. Ele não precisa de grande prova ou de grande argumento. Basta a ilusão.
A prevalência de uma ideia clássica do que significa pensar, bem como dos próprios conceitos elaborados pelas doutrinas tradicionais, se deve, como ensina Nietzsche, às consequências agradáveis de suas verdades (2008b, p. 30), isto é, o homem não quer a verdade como um valor em si, mas antes o que ele busca são as consequências agradáveis da verdade. Ele sente uma espécie de bem estar, experimenta um contentamento conservativo diante das ideias advindas desta imagem. É como se diante desta forma de pensar o homem encontrasse apaziguamento e acalmia, sentido-se pois confortável e confiante diante da natureza, do universo e da vida.
Um dos critérios da verdade é a satisfação íntima que sentimos quando nos encontramos com ela. Que nós, os humanos, nos sentimos satisfeitos com a verdade; e um pouco irritados com a mentira. Ocorre uma paixão nitidamente de alegria, quando nós encontramos uma prática verdadeira; e de um certo mal-estar, quando encontramos uma prática falsa (ULPIANO, 1989).
A identidade, como já foi dito, é o principal atributo da verdade: algo para ser verdadeiro tem que ser idêntico a si mesmo. Então, como ensina Ulpiano, a identidade não é originária no processo da racionalidade, mas sim em um processo de paixão. São as paixões que, perturbadas diante das contradições do mundo, buscam o apaziguamento da identidade. “Por causa dessa busca, a identidade vai-se tornar o primeiro atributo da verdade… em função das nossas paixões, que não conseguem concordar com as contradições, porque elas nos perturbam” (1989).
A verdade funciona, então, como uma espécie de conforto diante das contradições, dos estranhamentos, das perturbações dos acontecimentos insuportáveis ao sujeito, o que o levaria a buscar a identidade apaziguadora, o que caracteriza a prática do conhecimento. Tal prática, festejada pelo homem como a sua melhor conquista, é definida por Nietzsche como o minuto mais arrogante da história do universo. Assim ele relata em sua obra Sobre Verdade e mentira no sentido extra-moral:
Em algum remoto recanto do universo, que se desagua fulgurantemente em de inumeráveis sistemas solares, havia uma vez um astro, no qual animais astuciosos inventaram o conhecimento. Foi o minuto mais audacioso e hipócrita da ‘história universal’: mas, no fim das contas, foi apenas um minuto. Após alguns respiros da natureza, o astro congelou-se, e astuciosos animais tiveram de morrer. Alguém poderia, desse modo, inventar uma fábula e ainda assim não teria ilustrado suficientemente bem quão lastimável, quão sombrio e efêmero, quão sem rumo e sem motivo se destaca o intelecto humano no interior da natureza; houve eternidades em que ele não estava presente; quando ele tiver passado mais uma vez, nada terá ocorrido (2008b, p. 25).
Buscar assim a verdade é buscar a verdade que há no homem e não nas coisas, “aspira a uma compreensão do mundo enquanto coisa humana… o homem como medida de todas as coisas” (2012, p. 96). Esta necessidade do homem, própria de sua condição, que o leva a construir um mundo rígido e regular. No processo de abstração próprio da razão há um afastamento do real e uma aproximação de uma generalidade que só existe na mente e na linguagem. Ele serve ao indivíduo humano, mas dista da essência da vida. É por isso que, vivendo no domínio do intelecto, o homem vive em uma eterna ilusão. Nietzsche está mostrando que o intelecto é apenas humano e é patético acreditar que os eixos do mundo se movem à sua volta.
Ou seja, toda construção científica não passa de ficção inútil, oriunda da necessidade que a espécie tem de se conservar e de crescer em seu poder. A concepção de realidade que o homem forma (como uma porção calculável e invariável) é assim construída para que ele possa a partir daí esquematizar o seu agir. A utilidade da conservação e não uma necessidade teorética é o motivo por trás do processo de conhecimento. Em outras palavras, a vontade de conhecimento nada mais é do que vontade de poder da espécie, um modo de se assenhorar da realidade para colocá-la a seu serviço (2008a, III, I, 481, p. 260).
Pode-se mesmo afirmar: o mundo verídico é uma condição da vida humana e o homem deposita toda a sua confiança na crença desta condição. Entretanto, apesar disso, tal crença pode ser falsa (2008a, III, I, 483, p. 260, grifo do autor).
Assim, longe de ser a mais natural das ideias, a ideia de verdade faz parte da necessidade que o homem tem de criar o mundo à sua imagem, de impor ao mundo, por uma espécie de impulso tirânico (1992a, 9, p. 15), aquilo que deseja ver e existir e se convence que os artifícios que criou para satisfazer esse impulso são absolutamente naturais, próprios do mundo e das coisas.
Em resumo, a crença na verdade é necessária ao homem. Ela primeiro aparece como uma necessidade social, mas depois, como que por metástase, vai sendo aplicada a tudo (NIETZSCHE, 1984b, § 91), indiscriminadamente, até que de necessidade se torna uma naturalidade, uma obviedade.
Daí Nietzsche dizer que há apenas uma figura no Novo Testamento que merece ser respeitada: Pilatos, o governador romano, pois é dele a única frase válida: ‘O que é a verdade? ‘ (1996b, 46; João, 18:37-38) Nietzsche reponderia: “O que é a verdade? inertia, a hipótese com a qual surge algum contentamento, o menor consumo de força espiritual, etc.” (III, I, 537 p. 281, grifo do autor).
8 A ingenuidade hiperbólica do homem
O conhecimento se tornou parte da própria vida, a mais necessária das necessidades, porque “o impulso à verdade provou ser um poder conservador da vida” (2001, III, 110). Fez-se do conhecimento uma ocupação com a conservação da espécie. Essa é uma urgência primeira do homem, que se precipita sempre em mapear o que está à sua volta, classificando aquilo que é útil e aquilo que é nocivo; aquilo que é bom (o que conserva a espécie) e aquilo que é mau (o que a prejudica). Esse impulso faz com que o homem esqueça que a vida é, antes de tudo, contradição, incerteza, ambiguidade, não podendo ser aprisionada em definições que interessariam sobremaneira o homem. Mas o homem não parece ver que sua leitura da vida provém deste interesse. Como tal leitura lhe é vantajosa, ele crê em seu resultado, sem não pensar um minuto sequer nas razões de sua construção.
Toda ação humana só pode se dar sobre pontos fixos, logo, é a fixidez que a inteligência procura. O indivíduo supõe que quando estuda algo, este algo permanece estaticamente o que é, porque a vida estática se presta melhor às exigências da lógica e da linguagem. Transição e mobilidade não podem estabelecer o idêntico, logo o verídico, de modo que são deixadas pela inteligência. Toda representação intelectual busca paradas, retenções, justaposições, posições, descontinuidades, negligenciando todo o resto. Conclusão: a inteligência não representa o mundo, mas sim o que lhe convém representar. A um mundo que não seja a representação humana, as leis da lógica são inteiramente inaplicáveis.
As ideias de que existem coisas duráveis, que existem coisas iguais, que as coisas são aquilo que parecem ao homem ser, que o querer humano é livre, que o que é bom para mim é também o bom em si, são crenças, artigos de fé, como chama Nietzsche, que foram continuamente, geração após geração, herdados pelos homens até se tornarem um patrimônio fundamental da espécie humana. No entanto, para sustentar essas ideias, os homens
tiveram de se enganar a respeito de sua própria condição; tiveram de falsamente atribuir-se impessoalidade e duração sem mudança, de compreender mal a natureza do homem do conhecimento, negar a força dos impulsoso no conhecimento e em geral… eles fecharam os olhos para o fato de que também eles haviam chegado a suas proposições … ansiando por tranquilidade, posse exclusiva ou dominação (2001, III, 110).
No mundo intelectual o preponderante é organizar o novo em razão de antigos esquemas, de modo que ele funciona como um instrumento de simplificação, de abstração cuja finalidade é apoderar-se das coisas, permitindo ao homem o seu melhor agir. Ou seja, o modus operandi do intelecto é o impor ao caos uma regularidade, uma forma, um esquema tanto quanto for suficiente à sua necessidade prática. A confiança que se deposita na razão, na lógica e o apreço a elas que daí decorre apenas demonstram a sua utilidade na vida e não a sua verdade. Que algo tenha de ser considerado verdadeiro, isso é necessário, mas não que algo seja efetivamente verdadeiro.
o seja verdadeiro.
Mais ainda, as ideias contidas nas doutrinas clássicas são perfeitamente adaptadas à natureza e ao cotidiano do homem, sendo-lhes semelhante em medida, ocorrência e padrão. A aceitação de tais crenças não exige do homem mais do que um movimento inercial: ele deve se manter onde está, continuar a seguir seus hábitos mentais, reafirmar-se como referência de todas as coisas. Basta valorizar o que os seus sentidos humanos percebem, obedecer às regras de demonstração do seu intelecto, identificar semelhanças com a sua prática cotidiana, que o vaidoso homem do conhecimento apressadamente estará apto para reconhecer qualquer verdade como legítima e indubitável. “Trata-se sempre ainda da ingenuidade hiperbólica do homem: o [colocar]-se, ele mesmo, como sentido e critério de valor das coisas” (NIETZSCHE, 2008a, 12, p. 33. Grifo do autor). Desde os gregos, afirma-se: o que é evidente ao homem torna-se critério de verdade e do conhecimento. E assim, com um impulso tirânico, a ideia de verdade penetra na vida humana como uma naturalidade, uma obviedade que somente raramente vem a ser problematizada.
Por outro lado, a contradição, a ambiguidade, o absurdo, são intencionalmente afastados do ato de pensar, sendo sempre associados ao erro e à imprecisão. Diz Nietzsche:
O constrangimento subjetivo de não se poder contradizer é um constrangimento biológico: o instinto da utilidade de concluir como concluímos está em nosso corpo, somos quase esse instinto… que ingenuidade, porém, querer extrair uma prova, a partir disso, de que possuiríamos, por tal motivo, uma verdade em si… O não poder contradizer prova uma incapacidade, não uma verdade (2008a, III, I, 515, p. 270).
Em outras palavras, afirmar uma coisa e negar essa mesma coisa é um impedimento intelectual do homem, um princípio da experiência subjetiva que não pode ser violado, o que significa tão somente que expressa uma incapacidade do homem. A lógica é uma preparação de um mundo que deve ser chamado por nós de verdadeiro. Ou seja, não que os princípios e axiomas da lógica sejam em si adequados ao real, mas sim funcionam como critérios para criar em nós que se chama real (2008a, III, I, 516, p. 271). Diz Nietzsche: “Lógica é a tentativa de conceber o mundo real segundo um esquema-de-ser posto por nós, mais exatamente, de torná-lo formulável e computável para nós…” (2008a, III, I, 516, p. 272).
O que se chama mundo verdadeiro nada mais é do que o mundo simulado do sujeito, o mundo construído a partir do que há em nós de ordenador, simplificador, falsificador, artificial. É uma falsificação da vida, mas uma falsificação útil, porque o homem, assim como qualquer espécie viva, tem como regra de vida a sua conservação. A ingenuidade do homem foi tomar esse esforço utilitário por apreensão da realidade, foi “tomar-se a idiossincrasia antropocêntrica como medida das coisas, como fio condutor sobre o real e irreal” (NIETZSCHE, 2008a, III, I, 584, p. 303).
Essa é também a lição de Dostoiévski: “o homem é a tal ponto afeiçoado ao seu sistema e à dedução abstrata que está pronto a deturpar intencionalmente a verdade, a descrer de seus olhos e seus ouvidos apenas para justificar a sua lógica” (2000, p. 36). Inventa-se assim a clareza lógica, a objetividade lógica, a pureza lógica. Os princípios de identidade, não contradição e terceiro excluído não são conhecimentos absolutos, mas artigos de fé reguladores (NIETZSCHE, III, I, 530, p. 279).
O princípio da não contradição deu a medida do critério de verdade: o mundo verdadeiro não pode estar em contradição consigo mesmo, não pode mudar, não pode devir. Isso siginica dizer que o critério de verdade e de realidade está nas formas da razão (NIETZSCHE, 2008a, III, I, 584, p. 304). Mas, como diz Nietzsche, o princípio de não contradição não exprime uma necessidade, mas apenas um “não ser capaz” (2008a, III, I, 516, p. 270). O homem quer que a natureza acompanhe as suas incapacidades e com isso toda complexidade, contradição, paradoxo, é banido em favor de uma lógica estreita. Entretanto, a natureza nada tem a ver com os princípios do intelecto. Ela segue um processo dinâmico alheia às ilusões que os homem criam para si mesmos e que chamam de verdades científicas.
Não se trata de combater a razão, mas antes de saber seus limites e aplicações e, pretendendo pensar, poder ir além dela, pois “a razão, meus senhores, é coisa boa, não há dúvida, mas razão é só razão e satisfaz apenas a capacidade racional do homem” (DOSTOIÉVSKI, 2000, p. 41). A vida é muito mais ampla e pensá-la exige muito mais.
No fundo, a questão é que o modo de pensar mais fácil triunfa sobre o mais difícil – a doutrina da identidade é bem mais fácil do que a doutrina do devir. O mundo do ser é simples, transparente, sem contradição consigo mesmo, durável, permanece igual a si mesmo. “Para que a veracidade seja possível, toda a esfera humana há de ser muito limpa, pequena e respeitável: a vantagem há de estar sempre, em todos os sentidos, do lado da veracidade. – Mentira, perfídia, dissimulação, hão de provocar espanto…” (NIETZSCHE, 2008a, III, I, 543, p. 283). É um autoengano.
Além disso, está implícita na vontade de verdade uma vontade de morte, porque não pode existir verdade sem a mortificação dos instintos, das forças, dos impulsos. Diz Nietzsche:
‘Vontade de verdade’ – poderia ser uma oculta vontade de morte – assim, a questão: ‘Por que a ciência?’, leva de volta ao problema moral: para que moral, quando vida, natureza e história são ‘imorais’? Não há dúvida, o homem veraz, no ousado e derradeiro sentido que a fé na ciência pressupõe, afirma um outro mundo que não o da vida, da natureza e da história; e, na medida em que afirma esse ‘outro mundo’ – não precisa então negar a sua contrapartida, este mundo, nosso mundo? … A nossa fé na ciência repousa ainda numa crença metafísica” (2001, V, 344).
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