Emergências no inominável: Os aspectos imanentes à consciência no ‘conceito’ de vortex
Tomo o maior cuidado para não entendê-lo.
Sendo impossível entendê-lo,
sei que se eu o entender é porque estou errando.
Clarice Lispector
A Consciência é um tema por demais abordado tanto no âmbito das teorias da mente nas filosofias ocidental como oriental, na psicologia etc. No entanto, pouco se desenvolveu de fato nesse tema nos últimos séculos. Vamos mostrar, em âmbito geral, o problema de como a Consciência é abordada para desenvolver uma conceituação que consideramos mais precisa a partir do nosso conceito de vortex. Neste artigo, o problema da consciência nos remeterá a uma crítica da noção de “dualismo”, que, por sua vez, nos remeterá ao nosso conceito de vortex enquanto solução contextual a esse problema, para finalmente aplicá-lo no conceito de Consciência.
O problema do conceito de Consciência é inerente à forma de pensar no Ocidente. Desdobrando a precisão da frase anterior: de forma geral, apenas o “Ocidente” separa o mundo entre Ocidente e Oriente. O “pensamento oriental” tende a ser mais contínuo e menos dualista (CHENG, 2008). E o que é “pensar”? Esse Ocidente inventado tende a separar o pensar do viver, o que é um desdobramento do problema anterior. Esse “pensar” separado é “pensado” através de “formas”; em outras palavras: existem tipologias do/no pensamento. Exemplo: pensar matematicamente é uma “forma” de pensar, já pensar poeticamente seria outra. Todas essas abordagens que tratamos aqui são extremamente separatistas – a saber: espacial e “cultural” (ex: Ocidente e Oriente), taxonômica (diversas formas de pensar) e dualista (o ato de pensar separado do viver).
Os problemas acima elencados podem, de forma genérica, serem localizados na história do “pensamento”, que aqui vamos resumir:
. o pensamento ocidental é deturpado por uma História patriarcalista alucinando o fato de que a Grécia criou a filosofia em cerca de 600 a.C., sendo que a China, o Egito – para citar apenas dois países proeminentes – já desenvolviam um saber filosófico muitos séculos antes (NUNES CARREIRA, 1994). Partimos do princípio que o filosofar, ou seja, fazer perguntas básicas relativos à nossa existência, o sentido dela etc., são inerentes ao humano.
. a taxonomia – a obsessão em organizar as entidades do mundo em rótulos reducionistas – começou a se tornar um espécie de vício no “Ocidente” através, sobretudo, da filosofia aristotélica, a partir de cerca de 400 a.C. (BERGSON, 2005b).
. a separação entre pensar e viver é difícil de ser localizada com precisão histórica, no entanto, podemos vislumbrar um platô na filosofia platônica, com os conceitos de Mundo das Ideias (intangível, eterno e imutável) e Simulacro (sensível e impermanente) em cerca de 400 a.C. (BERGSON, 2005b). Essa separação seguiu se sofisticando, tendo como apogeu a filosofia cartesiana (sec. XVII), colocando mente e corpo enquanto Naturezas diferentes e na kantiana (sec. XIX) montando uma ontologia em que, grosso modo, a mente é incapaz de possuir acesso à realidade. Com todos esses dualismos e separações, o homem foi gradualmente criando uma auto-ilusão de que era destacado do cosmos.
Os saberes percorreram o mundo imbrincando-se um nos outros. Assim como é impreciso dizer que há um povo “puro”, dado as migrações e miscigenações milenares entre os povos, é também impreciso afirmar uma “cultura pura”, posto que, do ponto de vista ontológico, ela é imanente à Natureza e do ponto de vista histórico, os saberes já se misturavam a partir das trocas comerciais entre as civilizações (MCEVILLEY, 2002). Por isso, Ocidente e Oriente aparecem aqui de forma problematizada. A ética que habitamos produz desdobramentos mais alegres que tais nomenclaturas separatistas. O cosmos-vortex que desenvolveremos neste artigo, produz conceitos mais selvagens que evitam demarcações, muito menos as definitivas.
Apreendendo[1] esse problema, vamos nos inteirar de outra abordagem, que dispense o dualismo, o separatismo e a taxonomia.
Em um âmbito pré-civilizacional e até mesmo pré-imagético, uma pergunta foi sendo feita: “quem sou eu?”. Essa pergunta voltada para o exterior, ou seja, “olhando para fora”, gerou toda a complicação que elencamos anteriormente, pois esse “eu” foi sendo separado do cosmos. A pergunta respondida voltada para o interior, “olhando para dentro”, gerou uma série de sabedorias, que podemos perceber no dito “Ocidente” no estoicismo e no que se seguiu dele e também no dito “Oriente” em filosofias indianas, como o Hinduísmo e o Budismo (YOSHIRI, 2006), na China, como a Taoísmo (JULLIEN, 2000), no Egito (NUNES CARREIRA, 1994) etc. Nomeamos aqui de “sabedoria”, pois seria diferente de um “pensar” ou “conhecimento”, no sentido que os últimos desconectam a vida da experiência e, por sua vez, a sabedoria, com outra operação, apreende cosmos e ser humano enquanto um contínuo. É preciso acrescentar que no dito Oriente também existem filosofias dualistas, que separam deus/universo do homem, como as tradições devocionais, mas até mesmo elas tendem, em seu sentido mais amplo, a uma espécie de unificação de sua “ontologia”.
Em relação à questão de “olhar” para dentro ou fora, cabe uma advertência: em nossa conceituação que faremos acerca do vortex, evitamos quaisquer predominâncias de determinado sentido. O vortex se manifesta e é percebido das mais diferentes formas. Estamos aqui de acordo com que David Howes (2009) critica a partir de seus senses studies: a cultura europeia, e seus desdobramentos, tendem a se pautar por demais pela visão. Howes propõe um “sexto sentido”, que seria o sentido “estendido” ou, mais amplamente, o sentido sem órgão. O deslizamento metonímico e ontológico nos remete ao Corpo sem Órgãos (CsO), como conceituam Deleuze e Guattari (1996): um corpo sem organismo, ou seja, sem a determinação de um saber médico ou biopoder, que, por sua vez, engessa aprioristicamente as possibilidades sensórias do corpo. Estamos falando do corpo do xamã, do dançarino, do médium, do surfista, do iogue, das partículas elementares em estados quânticos, dos agenciamentos abelha-flor etc. Nesse sentido, o vortex cria a partir de si um CsO, se tornando CsO. Tanto o sexto sentido de Howes como o CsO de Deleuze e Guattari ressoam com o que ao longo deste texto apreendemos enquanto intuição. Claro que, havendo enrigecimentos no vortex, eles mesmos podem deixar de alcançar o estatuto de CsO.
Essas duas formas genéricas de responder a pergunta “quem sou eu?”, tanto no âmbito exterior (“ocidental”) como no interior (“oriental”), geraram seus respectivos processos civilizatórios, com todas as suas respectivas formações de imagens, sejam elas amplas como podem: visuais, linguísticas, auditivas, cinestésicas etc. Hoje em dia, o processo civilizatório “ocidental” possui uma voracidade imensa,infiltrando-se em grande parte do globo, ainda que hajam resistências políticas, éticas, estéticas etc.
Em termos muito genéricos, se formos resumir como essas sabedorias “orientais” conceituam a Consciência, podemos fazê-lo da seguinte forma: a Consciência é pré-existente e gerou o cosmos. O cosmos é Consciência em seu aspecto mais denso. Cabe ao ser humano sair de sua ignorância e adquirir a sabedoria: ele é inerente ao cosmos e, em um sentido mais profundo, à Consciência. O que nomeamos como “mente” (ou “consciência” com “c” minúsculo) seria apenas o aspecto reflexivo da ser humano. Essa consciência é a instância em que se criam narrativas acerca das emoções, onde surgem os conceitos “sobre” algo. A tragédia humana seria conceber a mente enquanto “senhora” da Consciência, o exercício seria torná-la “serva”. Em outras palavras: viver a vida tendo a mente como seu “filtro”, torna a pessoa um “sujeito”, separado do cosmos, mediado pela mente. O que se deve fazer, se a mente é “colocada ao lado”, apenas como uma função específica, como por exemplo, ser usada para escutar o nome da pessoa e fazê-la responder, atravessar a rua sem risco etc., estaríamos mais próximos do que chamamos aqui de sabedoria. Para a apreensão de nossa Natureza cósmica, é necessário nos instalarmos diretamente na Consciência, sem o intermédio da mente. Uma concepção “ocidental” do funcionamento da mente em intensa ressonância com essa que acabamos de referir, “oriental”, seria a obra de Baruch Spinoza, no sec. XVII (OM e JOB, 2017).
Isso posto, o que seria o melhor de dois mundos? Como os desdobramentos “ocidentais” (filosofia, ciência, arte etc.) se amalgamariam à filosofia “oriental” para compor uma forma unificada – ainda que imanente à multiplicidade – e, por fim, como isso poderia nos ajudar rumo a uma apreensão ampla e precisa do que é a Consciência?”
É nesse veio que emerge o que cunhamos como vortex (JOB, 2013). O vortex é pré-imagético e pré-linguistíco, em ressonância com o que Deleuze e Guattari (1992) afirmam ser pré-filosófico o plano de imanência. O plano de imanência seria uma espécie de “zero positivo” (posto que o zero “absoluto” remeteria a uma transcendência), um “quase nada” que se diferencia do nada, em ressonância com o conceito de Tao na filosofia chinesa, que é um vazio pleno (CHENG, 2008).
O que conceituamos acerca do plano de imanência já é um desdobramento a partir dele, que, em si, é inominável. Aplicando isso ao vortex, teremos a seguinte afirmação: o conceito de vortex é um trampolim imanente ao vortex “em si”. O vortex é dinamismo. Nesse platô, há uma diferença no que se trata de muitas das sabedorias “orientais” (bem como muitas filosofias “ocidentais”) quando estas postulam um imutável que gera todos os mutáveis. A partir do vortex, deixa de haver um “imutável”. O que até então se entendia por imutável, apreende-se como um vortex quase imaterial, muito pouco denso, muitíssimo lento, ou seja, o vortex desconhece, a princípio, a imutabilidade. Se separarmos a ontologia entre imutável e mutável, cairemos em um dualismo. Por exemplo, no Yogasutra (GUIMINI, 2017), considerado o mais antigo tratado de Yoga da Índia, a mente é entendida como vortex. Diferentemente, apreendemos aqui que a mente é apenas um aspecto do vortex (em geral, é verdade, quando a sabedoria é ausente, a mente tende a um comportamento excessivamente turbilhonar), sendo que o processo desejado é apreender o vortex sem qualquer limite, em uma escala muito ampla que tende ao infinito.
Todas as atribuições de imutabilidade são oriundas da confusão entre “lentidão” – ou melhor, infinitas gradações de velocidade – e imutabilidade. O vortex pode ser muitíssimo lento, dependendo da referência, da escala, o que é diferente de ser imóvel e imutável.
O que apreendemos ao adquirimos sensibilidade ao vortex são infinitas gradações de intensidades, seja de densidade, seja de velocidade ou qualquer força[2] que seja. O vortex impede até mesmo uma ontologia “pura”. Se separa-se ontologia de epistemologia, temos, mais uma vez, um dualismo. O vortex evoca uma epistemontologia, deixando de fazer sentido o “ser” enquanto separado do conhecimento. Evocamos aqui o conceito de devir (a mudança, sobretudo no sentido de Bergson [2006]), ainda que instável, para afirmar a sabedoria enquanto intuição, pois nela está imanente o devir, que, por sua vez, substitui o “ser”, já que este evocaria desnecessariamente uma essência e um imutável. Em outras palavras: ao invés do lugar-comum pré-socrático “ser é pensar”, com o vortex, evocamos um devir-intuição. Apreendemos aqui o vortex em devir enquanto instabilidade epistemontológica, no sentido que é uma mudança que muda até no próprio ato de mudar, podendo até o vortex deixar de ser vortex!
Voltaremos à Bergson adiante, mas acrescentamos um dado importantíssimo tanto para a apreensão do bergsonismo, quanto para a do vortex: em Bergson, intuição é o seu método por excelência, ou seja: no bergsonismo, apreender diretamente o “objeto”, que é imanente ao “sujeito”, formando um campo, é o cerne de sua ontologia.
Poderia-se dizer, parafraseando Whitehead (1978), que o vortex é um relação de relações, ou seja, todo termo de relação já é em si uma relação. Mas é preciso muito cuidado com o que se entende por “relação”. É talvez aí que esteja o maior problema na apreensão do vortex. O que é relação? Se entendemos a relação como a união de pontos A e B que já foram em si separados, podemos estar, discretizando a imanência para depois rejuntá-la. Queremos nos distanciar dessa postura. Existe de fato “relação” ou será que estamos falando de ressonâncias? Dito de outra forma: se falamos de relação, estamos falando enquanto ressonância. Nesse sentido, preferimos seguir as linhas de Deleuze e Guattari e Tim Ingold, que abordaremos adiante. Por enquanto, voltemos à conceituação do vortex.
O vortex é uma auto-organização[3] de forças em torno de um atrator descentrado e móvel. Algum centro pode se instalar, mas é provisório: o vortex como nós apreendemos tende a ser excêntrico.
O vortex é formado por vortexes e forma vortexes, ou seja, possui autossimilaridade, no sentido de uma fractalidade[4] (GLEICK, 1989), ainda que instável, sem se reduzir à uma equação ou a uma representação. A ressonância entre vortexes é, também, vortex, no sentido que um vortex se estende a outro: inexiste um limite definido entre um vortex e outro. Os vortexes são contínuos entre si: no melhor sentidos das linhas de Tim Ingold (2015), os vortexes se estendem ao longo deles, formando uma malha contínua, imanente, que é, também, vortex.
Acerca da instabilidade do vortex, é preciso apreender o devir enquanto vortex. Diferente da história do “pensamento ocidental”, que limita o devir à uma imanência, pode-se gerar uma mudança tão radical no devir, que a partir dele emerja um inominável tão intenso, fazendo-se impulsionar para além da imanência, sem que recaia nas transcendências tradicionais da filosofia e vá para além dele mesmo, além da Natureza. Quando evocamos uma instabilidade no vortex, estamos apreendendo que o vortex possui em sua potência um além-vortex, ou seja, ele pode deixar de devir vortex. Toda a nossa conceituação percorre este processo, mas tem como limite, ainda que deslocável – pois todo processo faz emergir novas intuições – esse além-vortex, que é além-Natureza, no bojo do próprio vortex, ou seja, ele é epistemontologicamente instável.
Como os saberes ressoam com o vortex? É preciso apreender que o vortex é um conceito a partir de um pré-conceitual, pré-filosófico, como mencionado anteriormente. O conceito de vortex já é uma certa domesticação linguística, cognitiva etc. de algo com certos limites de apreensão pelos sentidos e pelos saberes, salvo a intuição. No entanto, os saberes possuem vislumbres do vortex. A saber:
-A filosofia explica[5] o vortex a partir de conceitos. Ela elege linhas de força do vortex e tece conceitos com elas.
-A ciência explora o vortex. Ela mede, computa, modela etc. aspectos do vortex, ainda que certa ciência exerça apenas algumas das características que citamos aqui.
-A arte emoldura o vortex. Ela contextualiza aspectos dos vortex e o torna visível. O movimento artístico europeu chamado Vortexismo do início do sec. XX – inspirados, entre outros, pela filosofia de Bergson e pela anarquia de Max Stirner – chegava bem próximo ao nosso conceito de vortex, menos nas obras e mais em seus manifestos (LEWIS, 2006 e POUND, 2017), ainda que esteja limitando seu vortex à disciplina “arte”. Mas o vortex seria mais intensamente explícito anteriormente, na obra de Van Gogh. Muitas de suas pinturas evidenciam o vortex a partir de imagens que geralmente, em outras manifestações na tentativa falha de representar, estão domesticadas. Um anoitecer, até mesmo uma cadeira, que numa percepção domesticada parecem ser inanimados, com Van Gogh, sua extensão artística mostra toda a exuberância vital, anímica, do vortex. Outra ressonância com nosso vortex seria a leitura epicicloidal de Borges e Müller (2017), que, a partir desse conceito do protomodernista Araripe Júnior, evidenciam um movimento concêntrico e excêntrico, promovendo um intercâmbio espiralado temporal e espacial entre margem e centro, presentes, segundo os autores, na obra cinematográfica de Godard, na pintura de Francis Picabia etc. Também estamos muito próximos ao vortex da historiadora e crítica de arte alemã Doris von Drathen (2004), que usa o silêncio no centro do vortex para propor uma outra compreensão da arte, substituindo a estética pela ética, ou seja, estabelecendo a arte enquanto evento metafísico, gerando o que ela nomeia como Iconologia Ética. Particularmente, quando a autora evidencia as ressonâncias propostas pela obra da artista iraniana Shirazeh Houshiary, que se inspira na poesia de Rumi, realizando uma “filosofia visual”, como também nas obras de Anish Kapoor. Nós enfatizaríamos duas obras do artista indiano: Ascension de 2003 e Descension de 2014 (KAPOOR, 2017). Nesses dois artistas da arte contemporânea, emergem de forma mais explícita a peculiaridade da arte ao emoldurar o vortex, evidenciando-o. O problema tanto da leitura epicicloidal como do vortex conceituado por Drathen é uma inevitabilidade do centro do vortex. No caso do vortex que apreendemos aqui, seu centro é apenas circunstancial.
. A espiritualidade modula o vortex, tanto na meditação, como em estados vibracionais (TRIVELATTO, 2015) do parapsiquismo, na conjuração etc. A bruxaria medieval conjurava na Natureza (CLARK, 2006) enquanto vortex, mas precisou de um Spinoza (2008) inserir a Ética na apreensão da Natureza, ainda que ele instalasse ali um imutável. Seria necessário Bergson (2006) dois séculos depois, para deixar a Natureza livre de qualquer imutável. No âmbito cósmico do vortex, a espiritualidade se manifesta sobretudo na obra de J. J. Hurtak (2012). Em todos esses processos, há níveis variados de intensidades nessa modulação do vortex. Em outras palavras, é na espiritualidade onde o vortex é mais livremente intensificado, modulado etc. A ciência, por exemplo, tende a domesticar o vortex. A espiritualidade, quando exercida eticamente, liberta o vortex. O que nos leva ao próximo item:
. A ética potencializa o vortex, no sentido de Spinoza (2008) em que alegria é bom encontro, aumento de potência, liberdade, beatitude e, por outro lado, a tristeza é mau encontro, diminuição de potência, servidão. A otimização desse aumento de potência envolve liberdade e amor. O amor que emerge ao longo de um ou mais vortexes envolve certo aumento de potência, no entanto, o amor que é a soma do “todo” (em aberto, posto o dinamismo e o devir que impedem um todo estático) dos vortexes é o amor em sua plenitude, potência máxima (aberta) e isso ressoa com o que nas sabedorias é chamado de Consciência.
Alguns conceitos principais de disciplinas-chaves do conhecimento, resvalam no vortex. No entanto, como verificaremos a seguir, são meramente funcionais ou nomeiam algo incomensurável, objetificando-o e partindo dessa objetivação, cria-se toda uma estrutura conceitual a partir dela:
. O conceito de força e energia são conceitos vazios (JAMMER, 2011), um tipo de linguagem que a física estabelece para desenvolver suas funções. Em nenhum momento a física explica ontologicamente o que é força, mas, a despeito disso, desenvolve várias teorias a partir do conceito apenas funcional de força. A partir disso, as forças que compõe o vortex são forças oriundas do vortex enquanto inominável.
. O conceito de vida, mesmo em suas acepções mais vanguardistas (MATURANA, 2000), ainda possuem conceitos funcionais, relacionando o vivente com os processos de autopoiesis ou auto-organização. Qualquer vortex é vivo, posto que é dinâmico, no entanto, ressonâncias ao longo de mais e mais vortexes os deixam mais complexos podendo intensificar seu dinamismo. Nesse sentido, uma pedra é viva, pois é dinâmica, estando junto com seu ambiente; por exemplo, ela esquenta, se exposta ao sol. No nível de partículas elementares, a Mecânica Quântica evidencia quão turbilhonar é a constituição da pedra e de quaisquer corpos. Os organismos das plantas, animais e humanos, a Terra enquanto Gaia (LOVELOCK, 1991) possuem níveis crescentes de complexidade que se estendem ao cosmos.
. O conceito de deus na teologia. Apenas parte-se de um ideia de deus para gerar dogmas, regras morais cujas articulações com determinada cultura, geram uma determinada religião. Mas um conceito de deus em si, permanece enquanto indefinido.
. O conceito de mente na psicologia. O assim chamado “estudo da mente” recorta o “objeto mente” de sua imanência, transformando-o em algo separado de um suposto “sujeito”, como se existisse uma mente “solta” vagando por aí. A psicologia constitui-se de modelos psíquicos diferentes baseados sobretudo nas experiências pessoais de cada autor, partindo do axioma da “mente”, que é, quando muito, explicado de forma insuficiente, seja ela oriundo do cognitivismo, da psicanálise etc. Em nosso conceito de vortex, a mente é imanente aos corpos: todo vortex possui atividade mental, e, assim como no conceito de vida citado no item anterior, em graus variados de complexidade. Leibniz (1983), filósofo alemão do século XVII, dizia que toda mônada, que é um espelho vivo e perpétuo do universo, possui enteléquia, ou seja, uma proto-mente. Com a Monadologia, Leibniz criava um sistema que possui um pampsiquismo inerente a si, ou seja, o mental como imanente ao cosmos. Estamos próximos a isso, porém, diferenciamos o vortex da mônada, pois, o interior da mônada não possui contado direto com seu exterior. Mesmo em suas versões posteriores com “janelas” (TARDE, 2003) e com “dois andares” que combinam os anteriores (DELEUZE, 2000), a mônada carece de permeabilidade, ou seja, possui contato direto, mas para além da “janela”, ela é impermeável ao exterior e indestrutível. O vortex possui níveis de permeabilidade. Meu corpo, por exemplo, passa pelo ar, mas (até então), é impedido de avançar pela parede. A água passa por ele, mas parte dela penetra-o. E assim seguem os níveis de permeabilidade, chegando a níveis ínfimos, em qualquer dimensão do vortex, sendo que vortexes diferentes possuem diferentes níveis de permeabilidade, cujas composições geram níveis irregulares de permeabilidade. Se a mônada, apesar de estar em devir, é indestrutível, o vortex, por sua vez, é instável. De todo modo, tanto a mônada na filosofia, como os fractais na ciência, são ressonâncias autossimilares do vortex, evidenciando o contínuo, cada um ao seu modo, entre micro e o macrocosmos.
Propomos assim que energia, força, vida, deus e mente, oriundos de suas próprias disciplinas, tangenciam, mas deixam de apreender o vortex, que é pré-disciplinar. A partir do vortex, deixa de ter sentido apostar em disciplinas, pois o vortex constitui transaberes, (JOB, 2013) no sentido que todo saber se estende a outros e é vital, está na vida e nunca é sobre a vida. Deixamos então de falar de “transdisciplinaridades”, pois as disciplinas e seus atravessamentos perderam o interesse ao negligenciarem o vortex. Mesmo na mecânica dos fluidos, de onde o conceito ainda frágil ganhou evidência, apenas ocorre um vislumbre de um ínfimo aspecto da epistemontologia do vortex. A ressonância da sabedoria com o vortex é o que chamamos transaberes.
A partir de agora, os fazedores se tornam vortexeadores, antes de mais nada. Perdem relevância uma filosofia, uma física, uma biologia “puras”, no sentido que todas evocam indiretamente o vortex; apreendendo-o diretamente, nos tornamos vortexadores. Claro que um vortexeador com inclinações para evidenciar as ressonâncias ao longo das cores, por exemplo, passa por algo ressoante com o que se chamava “arte”, um vortexeador com inclinações clínicas passa por algo que ressoa com a “medicina”, ou seja: existem afinidades, mas é preciso, de saída, levar o vortex em conta.
Agora estamos aptos a tratar, de fato, do problema da Consciência.
Comecemos com o termo: “Consciência”. Ora, ele implica em outro, “inconsciência” ou, mais canonicamente, “inconsciente”. À luz do vortex, esse dualismo deixa de fazer sentido. O dualismo consciência/inconsciente faz parte da já conturbada psicologia que, como vimos, nasce dualista. O que ocorre é que há um contínuo gradual de consciência, ou seja, a Consciência vai se evidenciando à medida que estamos, de fato, apreendendo com mais intensidade sua totalidade aberta. Posto o dinamismo e o devir, o todo ou a totalidade absolutos e estáticos se tornam para nós uma imprecisão. Falemos, como já apreendemos neste texto, em totalidade aberta. A totalidade aberta é a Consciência. A totalidade aberta é o cosmos. A totalidade aberta é a soma de todos os vortexes: vortex = Consciência, vortexes = totalidade aberta, a menos que a instabilidade extremamente selvagem emerja rumo a outra coisa.
Mas ainda é preciso tornar claro que o cosmos coexiste com o plano de imanência, como já escrevemos aqui. Nesse plano de imanência, ressoa o vortex “em si”, pré-conceitual, cujo conceito de vortex é um trampolim para o vortex em si, sendo conceito e vortex em si, imanentes. No entanto, diferente do plano de imanência e do Tao, o vortex é epistemontologicamente instável.
Sendo assim, desconsideramos o termo “inconsciente”. A Consciência possui níveis, que vai da Consciência cósmica, passando pelas consciências em vários níveis infinitos no microcosmos e se estendendo ao macrocosmos e também enquanto inominável, incomensurável. O que se entende usualmente por “inconsciente”, à luz do vortex, é um nível menos complexo de consciência, sendo que, como vimos, no nível de totalidade aberta, chamamos de Consciência.
Os aspectos ontológicos da Consciência desdobraram muito pouco desde o sec. XVII. Dado sua crítica ao dualismo cartesiano, Spinoza resolve bem a questão colocando corpo e mente enquanto imanentes: atributos extensão e pensamento. No final do século XX, a filosofia da mente obteve um boom, surgindo teorias e modelos com diversas abordagens: da consciência enquanto emergência (SEARLE, 1997), passando pelo modelo de consciência quântica (PENROSE e HAMEROFF, 1996) e chegando até mesmo à negação da consciência (DENNET, 1998). Foi posta a questão de que, a despeito da questão de “o que é a consciência?”, a grande pergunta seria “o que é a experiência da consciência?” (CHALMERS, 1996).
O grande passo dado por uma ontologia da consciência já havia sido feito e deixado de lado por todos esses autores acima: a filosofia de Henri Bergson (1999), na virada do sec. XIX para o XX. O filósofo francês afirmava, grosso modo, que tudo são imagens, a memória se guarda no tempo, diferenciando-se do senso comum que afirma a memória “se localizar no cérebro”. O cérebro, para Bergson, é um agregado de imagens especial que edita outras imagens, como um sistema de busca, por exemplo, o Google quando este executa a busca de informação na internet[6]. A memória é uma imagem tênue e as experiências no sensório-motor são imagens compactadas, agregadas, sendo que o “sujeito” e “objeto”, que nunca são separados, formam um campo. Uma filosofia da imanência é, necessariamente, uma ontologia da mente, unívoca ao corpo e ao mesmo tempo uma descrição da experiência da consciência, posto que na imanência lidamos com uma ontologia direto com o que é, ainda que podendo ser parcial, com níveis de adequação chegando até a uma totalidade aberta. Deixa de ser uma filosofia especulativa para atingirmos, de fato, o âmago do real, ainda que este esteja em devir, seja devir. É nesse sentido que afirmamos anteriormente que a intuição é o método bergsoniano.
Em Bergson temos o tempo/consciência (atemporal) como o conceito de virtual e o campo do sensório-motor no presente da ação como o conceito de atual. A passagem entre ambos é o intensivo. Se o próprio Bergson (1999) considera esse modelo como um “dualismo atenuado”, cabe a nós criarmos uma conceituação para além de qualquer dualismo. Nesse sentido, o vortex é puramente intensivo, ressonância de forças.
O bergsonismo possui várias nuances; no âmbito deste artigo, nos limitaremos a afirmar a partir dele que: a Consciência é imanente à matéria, ainda que possua gradações infinitas. É possível acessar o todo em aberto do virtual, ainda que seja uma tarefa árdua, que envolve, entre outros esforços, enfatizar a alegria em detrimento do prazer (BERGSON, 2005)[7].
O debate dos aspectos quânticos da mente é profícuo e o modelo de Penrose e Hameroff (1996), apesar de especulativo, se mostra muito promissor[8]. No entanto, o aprofundamento ontológico é apenas sugerido. Quando propomos uma interação dos campos científico e filosófico aqui, sabemos que a ressonância se dá, a princípio, em âmbitos diferentes. No vortex, no entanto, instaura-se um campo híbrido em que filosofia e ciência se estendem uma à outra, perdendo suas ilusórias impermeabilidades. Podemos propor uma ressonância conceitual entre a função de onda com o virtual e a partícula com o atual bergsonianos. Mas o intensivo seria o “colapso de onda”, justamente onde na Mecânica Quântica (MQ) reside ainda o mistério. É precisamente aí que evidencia-se o vortex. A complementaridade onda/partícula é apenas um vocabulário dual (BUNGE, 2000) para um processo imanente. O vortex abriga esses aspectos quânticos, sendo-lhes anterior, no sentido que a MQ é um aspecto da física. O vortex, como dissemos, é pré-disciplinar e o mistério do “colapso de onda” na MQ é mais um tangenciamento da ciência no vortex, este possuindo uma plasticidade que abriga tanto o comportamento de “onda” como o de “partícula”, ambos inevitavelmente imanentes, mas com níveis de densidade, velocidade e localidade diferentes.
Dado o vortex, a ambição atual de verificar a Consciência no âmbito científico, capitaneada pela neurociência, se mostra infrutífera. A Natureza instável ou o vortex, são processuais. Nesse sentido, o método científico, que em seu bojo exige uma Natureza “domesticada” em que o experimento possa ser repetido, já se mostra falho. E ainda mais: a Consciência prescinde do dualismo de “sujeito” e “objeto”: verificar a Consciência é um processo de autoinquirição (RAMANA, 2012), ou seja, verificável a partir de si, e, em um segundo momento, percebe-se ela enquanto imanente ao cosmos.
Uma ciência que leva em conta o vortex vai adquirir, cada vez mais, ressonância com, por exemplo, uma cosmologia que desloca processualmente seu eixo da física para a biologia e outros saberes, cujo universo é solidário (posto que é imanente), com variações no tempo e espaço das ‘leis” da física (NOVELLO, 2017), posto o devir.
Depois de Bergson, essa epistemontologia da Consciência ganhou recentemente um avanço de fato, ainda que sutil, com a obra do antropólogo Tim Ingold (2015a e 2015b) no tocante à sua questão da percepção. Para ele – inspirado, entre outros, em Gregory Bateson, – onde geralmente se afirma que é a “mente” que realiza a percepção, Ingold propõe que é o organismo inteiro, que percebe, que, por sua vez, é co-extensivo ao campo perceptivo. Citamos o final de dois textos do autor em que, para ele:
o crânio é vazado, e que é a mente que vaza através dele! (…) Quero sugerir que não é apenas a mente que vaza, mas as coisas de modo geral. E elas o fazem ao longo dos caminhos que seguimos à medida que traçamos os fluxos de materiais do ambiente sem objeto (INGOLD, 2005b).
Perceber o ambiente não é reconstituir as coisas a serem encontradas nele, ou discernir suas formas e disposições congeladas, mas juntar-se a elas nos fluxos e movimentos materiais que contribuem para a sua – e nossa – contínua formação (INGOLD, 2005a, p 143).
Ingold propõe as conceituações acerca das linhas como sua epistemontologia[9], baseado nas discussões de Deleuze e Guattari em seguir as linhas, a partir de sua discussão das pinturas de Paul Klee. As linhas rompem com o raciocínio discreto (relativos ao ponto) de causa e efeito, remetendo à uma epistemontologia contínua, processual. As dobras ao longo das linhas são, para Ingold, emaranhados. Esses emaranhados ressoam com o nosso vortex.
Para uma apreensão da Consciência, é necessário um mergulho em transaberes. O vortex é pré-disciplinar, no entanto, sua apreensão conceitual passa pelas ressonâncias ao longo dos saberes. Isso quer dizer que a psicologia, a teologia, a ciência e a filosofia, cada um isolado em seu platô, são ineficazes. É nos processos de ressonância que essa apreensão vai emergir. O vortex é um conceito para adquirir intimidade cósmica com o mistério. De forma nenhum nega o mistério como certa ciência tenta fazer, ou faz pura apologia a ele, como em algumas religiões. O mistério é um limite deslocável com o vortex. Processando nesse limite, necessariamente, é onde se evidencia a vorticidade cósmica, ou seja, a Consciência.
Bibliografia:
BERGSON, Henri, Matéria e memória – ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. São Paulo, Martins Fontes, 1999.______________ As Duas Fontes da Moral e da Religião. Ed. Almedina: Coimbra, 2005a.
________________ Cursos sobre a Filosofia Grega. São Paulo: Martins Fontes, 2005b.
________________ O Pensamento e o Movente. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
BORGES, Luiza de Aguiar e MÜLLER, Marcos José, “O Atlas de Godard: uma leitura epicicloidal”, disponível em: http://www.portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/Critica_Cultural/article/view/4003 acessado em 23 /10/2017.
BUNGE, Mario, Física e filosofia. São Paulo, Perspectiva, 2000.
CHALMERS, David J., The conscious mind – in search of a fundamental theory. 1 ed. Oxford University Press, 1996.
CHENG, Anne, História do pensamento chinês. 1 ed. Petrópolis: Ed. Vozes, 2008.
CLARK, Stuart, Pensando com Demônios. São Paulo: Edusp, 2006.
DELEUZE, Gilles, A Dobra – Leibniz e o Barroco. Campinas: Papirus Editora.
DELEUZE, Gilles, GUATTARI, Félix, O que é a filosofia? São Paulo,: 34 Letras, 1992.
_______________________________ Mil Platôs – capitalismo e esquizofrenia vol. 3. 1 ed., São Paulo: Editora 34 Letras, 1996.
DENNET, Daniel C., A Idéia Perigosa de Darwin – a evolução e os significados da vida. Rio de Janeiro, Ed. Rocco, 1998.
DRATHEN, Doris von, Vortex of silence. Milão: Edizioni Charta, 2004.
GLEICK, James. Caos- A criação de uma Nova Ciência, Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1989.
GUIMINI, Lilian Cristina, O Yogasutra, de Patañjali – Tradução e análise da obra, à luz de seus fundamentos contextuais, intertextuais e linguísticos. Disponível em http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-03122003-163103/pt-br.php acessado em 03/10/2017.
HOWES, David, The six sense reader. Madinson: Bloomsbury, 2009.
HURTAK, J. J. , O Livro do Conhecimento: a Chave de Enoch. Rio de Janeiro: Academia Para Ciência Futura – Brasil, 2012.
INGOLD, Tim. Estar Vivo: ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Petrópolis: Vozes, 2015a.
INGOLD, Tim, (2012) “Trazendo as coisas de volta à vida: emaranhados criativos num mundo de materiais” in: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-71832012000100002&script=sci_arttext (acesso em 12/03/2015b).
JAMMER, Max, Conceitos de força – Estudo sobre os fundamentos da dinâmica. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, 2011.
JOB, Nelson. Confluências entre magia, filosofia, ciência e arte: a Ontologia Onírica. Rio de Janeiro: Cassará, 2013.
JULLIEN, François, Um Sábio Não Tem Idéia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
KAPOOR, Anish: http://anishkapoor.com (acesso em 15/12/2017).
LEWIS, Percy Windham, “Our Vortex” in: (org. HARRISON e WOOD) Art in theory 1900-2000: An Anthology of Changing Ideas. United Kindom: Blackwell Publishing, 2006.
MATURANA, Humberto, “O que se observa depende do observador” in: (org. THOMPSON, William Irwin), Gaia, uma teoria do conhecimento. São Paulo: Ed. Gaia, 2000.
LEIBNIZ, G.W. “A Monadologia” in: (NEWTON – LEIBNIZ), Os Pensadores. São Paulo: Ed. Abril., 1983.
LOVELOCK, James, As eras de Gaia – a biografia de nossa Terra viva. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1991.
MCEVILLEY, Thomas, The Shape of Ancient Thought: comparative studies in Greek and Indian philosophies. New York: Allworth Press, 2002.
NOVELLO, Mário, “Manifesto Cósmico”. Disponível em: https://cosmosecontexto.org.br/manifesto-cosmico/ acessado em 24/10/2017.
NUNES CARREIRA, José, Filosofia antes dos gregos. Portugal: Publicações Europa-América, 1994.
OM, Veetshish e JOB, Nelson, “Bento: Spinoza de iluminista à iluminado” in: (Org. BECKER et al) Spinoza e nós vol 1: Spinoza, a guerra, a paz. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, 2017.
PENROSE, Roger e HAMEROFF, Stuart, “Orchestrated reduction of quantum coherence in brain microtubules: a model of consciouness”. 1 ed. in: Hameroff, Kaszniak e Scott (org.) Toward a science of consciousness – the first Tucson discussions and Debates. Massachusetts: Bradford Book – The MIT Press, 1996.
POUND, Ezra, Vortex. Disponível em https://www.poetryfoundation.org/articles/69480/vortex. Acessado em 03/10/2017.
RAMANA, SRI, Pérolas de sabedoria, Brasília, Editora Teosófica, 2012.
SEARLE, John R, A Redescoberta da Mente. São Paulo: Martins Fontes. 1997.
SPINOZA, Benedictus de. Ética. São Paulo: Autêntica, 2008.
TRIVELATTO, Nanci, Estado Vibracional: pesquisas, técnicas e aplicações. Londrina: IAC, 2015.
WHITEHEAD, Alfred North, Process and Reality (corrected edition). New York: The Free Press, 1978.
YOSHIRI, Takeushi (org.), A Espiritualidade budista – Índia, Sudeste Asiático, Tibete e China Primitiva. 1 ed. São Paulo: Perspectiva, 2006.
[1] Quando utilizamos o termo “apreensão” e derivados ao longo deste texto, estamos desconsiderando “entendimento”, que é meramente cognitivo e tende a recair em dualismos. Todos os processos que consideramos aqui se dão no corpo/mente como um todo em aberto.
[2] Acerca do conceito de força, desenvolveremos adiante.
[3] Como auto-organização, o apreendemos enquanto uma organização que prescinde de qualquer agente externo, cuja organização emerge das relações de seus próprios componentes.
[4] Os fractais, oriundos da Teoria do Caos na segunda metade do sec. XX, foram descobertos por Benoit Mandelbrot ao identificar padrões de ruídos nas informações passadas entre uma ligações telefônicas. Passados esses padrões para um gráfico, construiu-se imagens autossimilares, no sentido que pequenas figuras eram semelhantes à figura completa formada. Os fractais são idenficados na Natureza, como na samambaia, nas encontas de praia e nos cristais de neve.
[5] No tocante à relação do vortex com a filosofia, a ciência e arte, estamos nos inspirando nas caóides de Deleuze e Guattari (1992).
[6] Originalmente, Bergson cita uma “central de telefone”. Optamos por um exemplo mais contemporâneo.
[7] Para ampliar a apreensão da filosofia bergsoniana, veja artigo de Auterives Maciel nesta edição.
[8] Para uma descrição crítica do modelo de consciência quântica de Penrose e Hameroff, veja artigo de Luiz Pinguelli Rosa nesta edição.
[9] O termo “epistemontologia é ausente na obra de Ingold, no entanto, o autor também evidencia a imanência entre ontologia e epistemologia.