Democracia em Risco
Os últimos acontecimentos estão levando a acreditar que no Brasil estamos assistindo à elaboração e execução de um golpe de estado pós-moderno: sem o exército nas ruas, mas com uma parte considerável da Justiça cooptada por políticos revanchistas que não aceitaram o desfecho das urnas e a vontade soberana da população brasileira na última eleição presidencial.
Imaginar que um juiz, que deveria estar subordinado às Leis da República, possa ter a ousadia de interferir, como um reles espião de folhetim, em conversas privadas da Presidência da República, constitui gravíssimo crime de lesa-pátria.
Com que então esse juiz se acha acima das Leis em conlúio estreito com o perverso sistema midiático, com jornais e canais de televisão, colocando-se ao lado de setores retrógrados, iludindo a população através de uma sistemática e maciça enxurrada de notícias falsas e de orientação nitidamente golpista.
Anne-Cécile Robert, no número de Fevereiro do Le Monde diplomatique, refere-se ao sucesso midiático de certas mentiras travestidas de notícias e com muita propriedade chama esse procedimento de “A estratégia da Emoção”. Trata-se de retirar ou diminuir a reflexão racional sobre os fatos corriqueiros, substituindo-os por cenários onde a emoção e a ideologia predominam sobre qualquer reflexão racional.
O que a imprensa brasileira capitaneada pela Rede Globo, vem fazendo no últimos meses, se insere perfeitamente nessa interpretação.
Senão, como entender que pessoas comuns, brasileiros, vivendo nesse país, possam aplaudir e demonstrar satisfação quando um juiz, indigno desse nome, investiga sub-repticiamente, escondido através de uma máquina policialesca, as comunicações privadas de nossa presidente? Como se orgulhar de um ato irregular, proibido pela constituição?
Dizia o literato famoso: “Os macacos escolhem os fins, só os meios são do homem”.
Estamos deixando de ser homens completos, razão e emoção, ao nos subjulgarmos a instintos básicos, a ideologias ditatoriais, manipulados por um perverso e poderoso sistema de informação.
Quando não atentamos para o rigor ético e jurídico das ações de nossos juízes, é porque já fomos consumidos pelas práticas mais perversas e irracionais.
Esse procedimento tem nome: Fascismo.
É contra a ascensão do fascismo, com uma cara nova, que devemos terçar armas.
Quando a imprensa e a mídia em geral se associam a uma parcela, não-pequena do poder judiciário e policial, uma face nova do fascismo aparece. Ela não requer policiais às nossas portas, mas sim, a presença contínua e ininterrupta de informações falsas.
Triste o povo que não aprendeu com sua história. Pior do que os militares de 64, os fascistas de hoje, Jornal O Globo à mão, não querem permitir nenhuma forma de reflexão e de alternativa ao que consideram sua verdade, arrogante e poderosamente montada sobre um sistema de desinformação. Numa eficácia que deixaria Goebbels orgulhoso.
Créditos da imagem: Manifestação do movimento Diretas Já, em 1984 Foto, parte da exposição “O Museu e a Cidade Sem Fim, em comemoração aos 70 anos do o Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB) que aconteceu de 27/11 a 31/12. https://www.flickr.com/photos/agenciasenado/12745266813