Adeus ao Controle
como dançar sutilmente a liberdade em uma ecologia das ressonâncias
Nelson Job
O corpo não pode interromper o espaço.
CORPO – inlocalizável insituável
O corpo não pode interromper o tempo.
(Mais magro que o instante mais mínimo)
Corpo – inexistente
e INSITUÁVEL
Não interrompe os Velhos.
(Má educação: interromper os Velhos)
Dançarino subtil: mais Magro que o instante mais mínimo.
Gonçalo M. Tavares
Uma sucessão de catástrofes tem gerado um grande niilismo que paira sob o mundo: pandemia, guerra, instabilidade econômica, problemas de suprimento de alimentos etc. Se as pessoas (doravante, numa estética vibracional: atratores) são alheias às regras implícitas do jogo, como vencê-lo ou melhor, como eliminar a lógica do jogo e a submissão da vida a ele,[i] ou seja, como se libertar do controle?
Para isso, precisamos apreender o que é o poder. Se, de um lado, construiremos uma jornada histórica do poder, é preciso fazê-la coexistir com a máquina abstrata e além: um vórtex que coexiste como palimpsesto das marcas históricas, apreendendo o poder transtemporalmente.
A História? Trata-se de propaganda, minha senhora.
Uma forma de publicidade a que dão mais importância.
É só.
Gonçalo M. Tavares
David Graeber e David Wengrow mostraram, em seu magnífico A Dawn of Everything: A New History of Humanity, que tanto no período pré-civilizacional como depois, a humanidade experimentou sociedades igualitárias. Mesmo em cidades complexas, como no território que hoje é a Ucrânia, já havia cidades – uma arqueologia ocidental tenta estigmatizá-la de modo impreciso, chamando-as de “megassítios”, mas possuem, segundo os autores, todas as características de cidade – complexas e igualitárias. A complexidade das cidades não é necessariamente pré-requisito para uma maior destituição das liberdades. Líderes que menos mandavam e mais davam exemplos de caridade, abrigando pobres e doentes em suas próprias moradias, davam o tom do tipo de liderança de uma sociedade igualitária. Os autores acrescentam que sociedades igualitárias e com tendências matriarcais, de caçadores-coletores, coexistiam com sociedades desiguais patriarcais e de agricultores. Se houve alguma “revolução agrícola”, esta foi não-linear e com períodos de coexistência com caçadores-coletores. Graeber e Wengrow nos alertam para as perguntas erradas: menos “como buscar a igualdade?” e mais “por que abandonamos as sociedades igualitárias enquanto modelo social?”.
É aqui que precisamos dar precisão à ideia de que o poder se mantém criando ilusões de transcendência, ou seja, é preciso suscitar para a manutenção do poder um imaginar constante e intenso que existe algo superior, intangível, eterno e imutável. Conseguimos localizar uma torção relevante nesse âmbito no Egito Antigo. Na passagem tortuosa do Império Antigo para o Império Novo, que gerou um aumento do poder dos faraós, houve uma poderosa mudança no imaginar: o cidadão médio egípcio deixou de ser uma extensão dos deuses para apenas aspirar aos deuses. Inventou-se uma transcendência em que os únicos que possuíam acesso a eles eram os faraós e sua “elite espiritual”[ii]. Assim, o cidadão médio egípcio foi perdendo a intuição de seu estatuto cósmico e sagrado, tornando-se apenas um mortal desamparado e, também por isso, obediente.
Esta ilusão de transcendência migrou para a Grécia Antiga por meio do comércio que o Irã (Pérsia, para os gregos) estabelecia tanto com o Egito quanto com a Grécia.[iii] Nasce daí o Mundo das Ideias platônico, que desdobra no Deus judaico-cristão,[iv] na mente cartesiana e nos imperativos categóricos kantianos, que impedem uma relação direta do “sujeito” com a “coisa em si”, ou seja, o mundo. Esses conceitos são enfatizados pelo poder por fornecerem um imaginar que corrobora com a existência de “sujeitos” de fato separados dos “objetos” e esses sujeitos devem obedecer a uma instância superior transcendente e indiscutível. Esse poder ilusório transcendente vai reaparecer na sociedade de diversas formas: Estado (como diriam Graeber e Wengrow, o Estado é um ritual que quer durar para sempre), rei, presidente, patrão, chefe de família etc.
Mas qual o estatuto desse poder? Há uma elite que confabula milenarmente “por trás” de todo processo histórico ou há um “passar de tocha” irregular e pouco planejado? Não há uma resposta definitiva para isso, mas podemos apreender um vórtex expresso pelo poder em que novos agentes se instalam ao longo do tempo. Como está em nosso Vórtex: modulações na Unidade Dinâmica, esse vórtex se expressa enquanto poder sempre pelo mesmo método: restringindo as modulações vibracionais.
A propaganda termina onde começa o diálogo.
Marshall McLuhan
Apreendemos o conceito de vórtex enquanto uma auto-organização de vibrações cujas ressonâncias são também vórtex e que estes possuem uma autossimilaridade, contendo outros vórtexes e sendo contido por outros. Transduzindo a Ética de Spinoza sob um viés vibracional, apreendemos que quanto mais modulação das vibrações de um atrator for possível, mas ético ele será, e quanto mais tais modulações forem restritas, menos ético é. O poder, sob esse viés vibracional, age necessariamente por restrição vibracional. Essa é nossa concepção de anarquia sagrada.
Como o poder restringe as vibrações? De várias maneiras. Entre elas, controlando o imaginar, ressoando a ideia falsa de “forças transcendentais superiores”, sejam elas deuses desconectados dos humanos, Estado, reis, todas elas com um estatuto também falso de ideias imutáveis e “perfeitas” etc. O controle é diferente da censura, ele opera não por proibição, mas por ênfase, ou seja, ele dá relevância por meio de seus canais de expressão – seja em qual mídia for – ao que está de acordo com seus preceitos. Assim, muitas brechas no controle podem até emergir, mas tendem a se tornar marginais.
Exemplos abundam: Giordano Bruno trouxe o infinito transcendental divino para a imanência cósmica, fazendo com que a Igreja logo o condenasse por isso, restringindo o infinito. Cantor liberou infinitamente o infinito com seus números transfinitos, com ressonância restrita aos poucos que apreenderam a grandeza de suas ideias. O cosmólogo Mario Novello[v] suscita um Universo Eterno, eliminando a finitude temporal do Big Bang. O controle odeia o infinito e cabe ao exercício constante de liberdade tornar as concepções de infinito ilimitadas. A própria perfeição da matemática foi destronada por Gödel em seu famoso Teorema, provando logicamente que a matemática é completa e inconsistente ou consistente e incompleta. Mas o próprio status quo da matemática, de um modo geral, finge ignorar essa evidência.
Já David Hume, em seu Tratado da natureza humana, operou a eliminação da causa e efeito, demonstrando que inexistem provas de sua ocorrência. Os desdobramentos disso em sua obra são que a mente não possui substância e a problematização da história enquanto sucessão de fatos. No entanto, a causa e o efeito foram cultivados no pensamento, a despeito de Hume, que passou a vida produzindo diluições de seu Tratado para ser mais compreendido, chegando até a escrever uma resenha de forma anônima para seu próprio livro. A concepção de mente em Hume coloca em xeque a psicologia, a neurociência e suas derivações, trazendo, inadvertidamente, uma ressonância de sua concepção com as tradições indianas, como o Advaita Vedanta.
O crítico Luiz Costa Lima em sua Trilogia do controle e seus desdobramentos, cuja abordagem se dá ao longo do século XV e início do XX, sem se preocupar com o início do controle ou sua faceta atual, mostrou como a literatura foi controlada, sempre de forma insidiosa e o mais invisível possível. Segundo ele, o controle “está sempre implícito, pois não há sociedade sem regras, e onde há regras há controle.”[vi] Igreja e Estado estimulam apenas narrativas que se adequem ao status quo favoráveis a eles: “o controle luta por homogeneidade e pela reiteração do que toma por real”. Após o processo de secularização, o controle vai privilegiar a eloquência e o ligeiro, dando cada vez mais espaço para o mercado como seu principal operador.
Segundo Costa Lima, “o controle, em princípio, propõe uma negociação: permite-se o ficcional desde que não passe certos limites; desde que não se revele… ficcional.” As disrupções nisso se dão por meio da genialidade de autores como Cervantes, que coloca o Quixote como louco, os contos e romances aparentemente burgueses de Machado de Assis que, enquanto palimpsesto, desviam-se do controle inoculando as críticas sociais nas entrelinhas. Kafka, que promove uma instabilidade semântica, transformando o próprio sujeito em ficção e Borges, que funda uma literatura do não-documentalismo, pelo panficcionalismo, ao borrar pela ficção os limites desta com o ensaio e a crítica. Para ampliar a contundência libertária de Borges, seria necessária a produção de uma filosofia latino-americana que ajudasse no processo, o que, segundo Costa Lima, não ocorreu[vii].
No entanto, o poder insiste em adequar o imaginar ao monomito. Os principais cultivadores do monomito no século XX, Jung, Eliade e Campbell, todos politicamente extremamente conservadores, dando ao clichê sua gourmetização pelo conceito de arquétipo, tentam imprimir, com certo sucesso, a ideia de que todas as narrativas passam pelo mesmo mito original, que envolve, em linhas gerais, com alguma variação: nascimento complicado, encontro com o mestre, descoberta da jornada, encontro com o nêmesis, desistência da jornada, morte simbólica, renascimento simbólico, derrota do nêmesis, casamento e ascensão divina.[viii] Muitos filmes – incluindo todas as maiores bilheterias –, livros, histórias em quadrinhos, games etc. obedecem milimetricamente à estrutura do monomito. A ideia aqui é: se você pensa que a única narrativa da sua vida é o monomito, então sua vida passa a ser mais controlável. Isso vale para música pop, colocando cada vez mais para longe dos holofotes a experimentação.
Um escritor que denunciou o controle de forma ampla foi o norte-americano Philip K. Dick. Ele sempre se questionou o que é a realidade, assumindo um “apetite pelo caos”, construindo mundos que estão se destruindo. O filósofo David Lapoujade[ix] opõe em PKD dois tipos de personagens reincidentes: o protagonista quebra-galho faz-tudo em detrimento do engenheiro, este sempre a serviço da grande maquinaria do controle. O protagonista age principalmente por simpatia e intuição, tecendo mundos fragmentados sem repará-los, mas fazendo o melhor possível a partir de seus destroços. Para pensar esse quebra-galho, Lapoujade vai ressoar sobretudo com o filósofo Gilbert Simondon, quando este pensa tão bem as modulações do artesão.
A questão do controle passa também pela saúde: a indústria farmacêutica hoje controla as agências reguladoras das nações, a pesquisa médica e os hábitos alimentares. Se no século XIX, Claude Bernard dizia que “o território é tudo, o germe não é nada”, construindo uma medicina cada vez mais minoritária que dava subsídios suaves para auto-organização do corpo enquanto cura, Pauster conseguiu, por sua vez, tornar ubíqua sua ideia de que “o germe é tudo, o território não é nada”, ou seja, a prevalência de uma medicina “heroica”, intervencionista, que mais adoece do que cura, adequada apenas para situações de guerra.[x]
A pandemia da Covid intensificou o poder da indústria farmacêutica[xi]. No entanto, o que é muito pouco discutido é o uso que o se faz da pandemia para o aumento do controle de modo geral. A partir de uma discussão de âmbito sanitário, houve um aumento de censura nas redes sociais. As redes mais usadas, que são privadas, têm o direito de censurar seu próprio conteúdo. O que muitos não percebem de imediato é que a censura de redes se amplia rapidamente para o âmbito político, sendo que tal censura não escolhe ideologia, apenas o que é de seu interesse. No caso do Brasil, o Supremo Tribunal Federal vem decretando censuras em sites ligados tanto à direita quanto à esquerda. A princípio, um lado celebra a censura do outro, perdendo, com isso, a visão global do problema. Estamos caminhando para um cenário em que não há mais grandes sites jornalísticos confiáveis e os independentes são facilmente considerados como produtores de fake news. É fato que muito deles as produzem, mas isso não deveria justificar a proibição geral, incluindo sites qualificados. A desinformação provocada pelo conflito na Ucrânia é um grande exemplo. O conflito em Taiwan, que atualmente vem sendo sendo cogitado, vem se tornando outro exemplo. A utilização do Google como única ferramenta de pesquisa já é um hábito nefasto para a procura de informação legítima acerca da geopolítica.
Para ampliar a eficácia do controle, é preciso que ele se instaure também na esfera jurídica. Segundo Giorgio Agamben,[xii] vivemos nas últimas décadas um contínuo e sutil estado de exceção em que a política vem sendo cada vez mais substituída pelo direito, no sentido de que a política deveria ser a mediação entre direito e violência, mas apenas é a violência do direito, concluindo que as leis estão cada vez mais fascistas, mesmo comparando com as leis na época do próprio regime fascista.[xiii] A operação Lava Jato no Brasil é apenas um exemplo local desse tipo de judicialização da política, que também vem sendo absorvida pela esquerda.
A questão jurídica nos remete a um problema ainda mais profundo: o da linguagem. Erick Davis,[xiv] comentando o Fedro de Platão, coloca que Thoth ofereceu a nova invenção da linguagem de presente ao rei Thamus, que a rejeitou, dizendo que seu povo ficaria melhor sem ela. O escritor norte-americano William Burroughs,[xv] um grande problematizador do controle, coloca que a palavra escrita é um vírus, não sendo reconhecida enquanto tal devido a sua simbiose com o hospedeiro. Acrescentaríamos as “Confissões de semiófobo” do antropólogo Tim Ingold[xvi] em que ele deixa claro que um ser vivo metaboliza e respira, que ele não vive de signos. Pensar a partir dos signos é uma limitação e faz a vida escapar. É necessário irmos para além da linguagem e, nesse campo, vamos ressoar com a autoinquirição no Advaita Vedanta, ou seja, na apreensão da Consciência, que nós chamamos de instância de vibração máxima. Enquanto seres racionais, é preciso que essa fagulha seja detonada por meio da linguagem, mas apenas enquanto um trampolim para o além do linguístico.
Nesse momento, seria útil atentarmos ao fato de um paradoxo vibracional no âmbito da instância de vibração máxima, ou seja, essa instância vibra tanto que se torna sutil ao extremo, eliminando o tempo e espaço, nos inserindo no aqui e agora.[xvii] No entanto, é nesse âmbito que também emerge o tempo e espaço, de modo que as vibrações vão diminuindo e ganhando com isso densidade.
A questão da linguagem está inserida no âmbito da representação, ou seja, nós não lidamos com a coisa, mas com sua representação. É nesse sentido que Ingold diz que não nos alimentamos de signos. O pensamento que envolve a ilusão de transcendência reforça a nossa inscrição crescente num mundo de representação, cujo momento de virada foi na Revolução Científica, em que a linguagem, de um lado, perde seu estatuto de contínuo ontológico (palavra enquanto extensão das coisas), tornando-se uma mera representação (a palavra representa a coisa).[xviii]
Para tanto, foi necessária a perseguição às bruxas, que tinham uma expertise em lidar diretamente com a Natureza, modulando suas forças. Para reduzir tal modulação por meio da representação, o poder tentou eliminá-las ao máximo, seja mudando a apreensão da linguagem, sendo através da Inquisição. Tudo isso culminou num modo de pensar representacional que vai dessensibilizando a humanidade das modulações na Natureza: a filosofia natural degenera-se em física, a alquimia em química e astrologia em astronomia, com todos esses campos perdendo suas ressonâncias que se dão mediante uma filosofia mística.
A perseguição à bruxaria envolve necessariamente uma misoginia que ocupa todas as esferas de poder. Ao colocar a mulher submissa ao homem, o poder instaura uma separação que degenera a capacidade afetiva dos atratores, dificultando uma ressonância ao longo do Patriarcalismo e o Matriarcalismo, um conjugalismo.[xix]
Elencamos aqui algumas das mais poderosas restrições à capacidade de modulação: por meio do pensamento, permitindo reverberar sobretudo os campos de saber que remetem à transcendência, cuja separação em imanência e transcendência multiplica toda a forma de dualismo: natureza e cultura, sujeito e objeto, conteúdo e expressão etc.; das narrativas, controlando-as de forma que expressem em sua maioria o mesmo monomito; da saúde, ao minimizar uma medicina que orbita em torno da vida, para dar suporte a uma medicina que faz a manutenção da doença; do direito, fazendo-o tomar a política e, finalmente, por meio da linguagem, tornando-a meramente representativa. O atrator perde modulações pois o pensamento da transcendência obnubila as infinitas modulações do sensível, falseando ao criar o intangível, torna-se previsível, pois suas modulações se restringem ao monomito, sua força vital é destituída pelo excesso de medicações e uma alimentação inadequada, além de ínfima consciência corporal que, ao perder cada vez mais seu direito de ir e vir, restringindo sua modulação inclusive espacial, é intensificada ao experimentar enquanto ubíqua a mediação da experiência no mundo pela linguagem, dificultando as infinitas possiblidades de modulação para além da linguagem.
Mostramos algumas das consequências das operações do poder, mas como ele se constitui? É preciso apreender os mecanismos ancestrais das companhias. As primeiras companhias datam de 3000 AEC, na Mesopotâmia, cujas trocas já eram diferentes do mero escambo, em que o templo funcionava como banco e supervisor.[xx] Esse nascente capitalismo foi seguido pelos assírios, fenícios, tirenses, sofrendo algumas modificações entre os atenienses, chegando às societates em Roma. Com a queda do Império Romano, as companhias se deslocaram para a Índia, China (que inventou o papel-moeda) e mundo islâmico: o próprio Maomé era um comerciante. No século XII da EC surgiu em Florença a compagnia, através de sócios de mesma família. Essa ideia foi-se expandindo, surgindo a Companhia das Índias Orientais e a Companhia da Baía de Hudson, desdobrando-se em multinacionais, sempre com relações ambíguas com o Estado, ora esse estimulando-as, ora fazendo intervenções, até que os Estados se converteram para o que desde sempre foram constituídos: marionetes do poder. As grandes famílias que controlavam o comércio ocidental a partir do século XVIII ainda estão nelas: Rothschild, Rockefeller, J. P. Morgan etc. Suas influências políticas vão desde a fundação de grupos, como o Council of Foreign Relations, a Comissão Trilateral, o grupo Bilderberg, Clube de Roma e afins.[xxi] Suas relações com Rússia e China são mais estreitas do que aparentam. Esses grupos financiaram tanto a Revolução Bolchevique[xxii] como mantiveram a relação por meio de fomento de pesquisas[xxiii], fizeram extensas trocas comerciais com o nazifascismo;[xxiv] através da CIA, financiaram filmes de Hollywood e até alguns intelectuais de esquerda, amenizando, assim, seus discursos,[xxv] além de ter emprestado dinheiro para o avanço capitalista da China e participar dos fomentos das Novas Rotas da Seda. Mais recentemente, há o megaprojeto Rússia 2045, em que fazem parte, naturalmente, Rússia, Alemanha, Inglaterra, vários dos grupos acima citados, numa proposta transumanista que envolve a criação de avatares robóticos em que serão implantados cérebros humanos.[xxvi] A atual querela na Ucrânia é, ao menos em algum nível, mais um episódio diversionista, que coloca no palco as nações, tirando do foco os grandes grupos transnacionais.
Recentemente, esses grupos se organizaram sob uma nova configuração: a dos grandes fundos de investimento. Os principais fundos de investimento hoje são a BlackRock, Vanguard, State Street e Fidelity. Juntas, gestam fundos maiores que o PIB dos Estados Unidos, e possuem a maioria das ações das 140 maiores empresas do mundo, entre elas Facebook, Apple, Google, Pfizer, Time-Warner, Disney e grandes mineradoras. Além disso, elas são sócias umas das outras, o que dão uma participação majoritária e um poder de negociação e controle inauditos.
A história tão-somente traduz em sucessão uma coexistência de devires.
Deleuze e Guattari
Burroughs escreveu em seu artigo “Os limites do controle” que o controle não pode ser exercido totalmente, caso contrário o controlado perderia suas funções, tornando-se robotizado. Nessa lógica de Burroughs, o controle necessita de oposição e nisso está sua fraqueza. Esse texto inspirou um dos maiores textos sobre o controle, o “Post scriptum sobre as sociedades de controle” do filósofo Gilles Deleuze. Nele, Deleuze denuncia a insuficiência do conceito das sociedades disciplinares de Foucault, a saber, a inevitabilidade da sequência hospital-casa-escola-fábrica-hospital-cemitério, todos esses aspectos vigiados pelo panóptico. Deleuze vai dizer que “O homem não é mais o homem confinado, mas o homem endividado”, não mais o molde do confinado, mas a modulação do endividado. Assim, o controle deixa sua ilusão de transcendência – o panóptico – e emerge em sua imanência: a dívida. Deleuze estava sendo muito perspicaz, pois sua conceituação vem se cumprindo cada vez mais: não tendo mais contrato, o atrator que trabalha apenas por empreitada, faz de tudo o que mandam e não questiona nada para pagar as prestações do seu smartphone, sua internet, seu plano de saúde, seus canais de streaming etc.
Se Lapoujade aponta o quebra-galho faz tudo em Philip K. Dick como agente modulador em sua potência, Deleuze mostra que a própria modulação serve para controlar o atrator endividado. Isso ressoa com a nossa concepção de ética modulacional, no sentido de que em PKD há uma maior capacidade de modulação no faz tudo e, na sociedade de controle, há uma restrição da modulação.
No entanto, esses grandes grupos transnacionais vão tecer um controle ainda mais sofisticado: as guerras híbridas e cognitivas. A guerra híbrida[xxvii] é um tipo de guerra que evita o uso de armas, usando a diplomacia, robôs que manipulam algoritmos de redes sociais, com o objetivo de manipular a opinião pública, dividindo a nação por meio de cismogênese (estímulo de criação de bolhas que se definem por oposição uma em relação a outra, como judeus e arianos ou progressistas e conservadores), derrubando um presidente soberano e elegendo outro mais afim do controle desses grupos. As manifestações de junho de 2013 no Brasil caracterizam uma etapa da guerra híbrida que culminou na eleição de 2018. A guerra cognitiva[xxviii] é uma proposta de parceiros da OTAN para transformar cidadãos comuns em armas de guerra ao manipular suas opiniões políticas por intermédio de algoritmos de redes sociais e afins.
Aqui é preciso desconstruir mais um dualismo: o de direita e esquerda, que se desdobra na concepção histórica de luta de classes. Esses grupos não possuem tais ideologias, apenas desejam perpetuar seu controle. Muita das querelas entre direita e esquerda fomentadas pelas guerras híbridas, cognitivas etc. são apenas para divergir a atenção para grande parte dos políticos, que são marionetes desses grupos, tanto os de direita quanto os de esquerda: o velho dividir para conquistar. Tais políticos são também controlados pelo sistema de dossiecracia, sendo que os que não estão passíveis de serem controlados por dossiês podem ser eliminados. Além disso, a ideia de luta de classes enquanto central na análise histórica, de um lado, apreende a história de modo a obnubilar a ação desses grupos, que muitas vezes colocam, com níveis variados de sucesso, uma classe contra a outra, de outro, é pouco sensível às experiências de igualdade históricas mostradas por Graeber e Wengrow. Uma apreensão histórica mais precisa envolve apreendermos os devires de modo a sermos simultaneamente contemporâneos e atemporais, ou seja, transtemporais.
Cabe ainda a pergunta se há uma instância de poder superior a esses grupos. Se de um lado o poder quer se tornar mais despercebido possível, é preciso olhar com boa vontade acerca da questão espiritual. Devemos considerar, ao menos parcialmente, ideias de autores como Isabelle Stengers e Philippe Pignarre em Capitalist Sorcery etc. [xxix] de que o advento do dinheiro e do capitalismo tenha sido um processo mais ou menos orquestrado para se tornar um outro tipo de divindade no imaginar, desdobrando certos aspectos da conceito de “fetiche” em Marx: é inegável que, junto a todo um processo de representação linguística, científica etc., a ubiquidade do capital fez com que os atratores estejam cada vez mais ocupados em como obter dinheiro do que com as mercadorias que ele serve de troca. Em função disso, se lida menos com o mundo concreto e mais com a abstração da ideia de valor: “não é a economia que está em crise, é a economia que é a crise.”[xxx]
Existem relatos, como o do médium Waldo Vieira,[xxxi] de que médiuns são contratados para exercer influências em negociações de grandes empresas. As consequências da Revolução Científica e da Inquisição, ao tornar menos importante e até mesmo ridícula a mística em geral, servem sobretudo para que esse campo fique o mais restrito possível ao poder.[xxxii] Cabe a nós, enquanto exercício de liberdade, ganhar certa proficiência nesse campo, sem se encantar com suas armadilhas. Ampliar as percepções das vibrações mais sutis e mais densas é um trabalho tanto cognitivo como estético e ético. Mas devemos ter o cuidado de não se enredar pelos ganhos secundários que isso possa ter, como usar a mística para influenciar terceiros e para cultivar vaidades. A questão é saber que existem modulações em níveis além da restrição do controle do imaginar e que todas elas são legítimas de apreensão.
Isso nos leva à questão extraterrestre. Nos últimos anos, a NASA vem liberando vídeos com o discurso ambíguo acerca da existência de tais seres. Geralmente, esses vídeos são liberados em tempos de crise para gerar simpatia na opinião pública para que o congresso norte-americano vote a favor do aumento de verbas para a NASA. Nesse âmbito, o que pensar acerca dos relatos recorrentes no meio esotérico de que “reptilianos”, “arturianos” etc. estão num embate cósmico e isso afeta o que ocorre na Terra?[xxxiii] Se não deixarmos nos levar por sistemas de crença, não temos como afirmar categoricamente nem como negar essa possibilidade. Para nós, o que consideramos relevante é que existem vibrações que estão fora de nossa percepção tradicional e cabe o exercício de ampliar nossa percepção para apreendê-las com mais precisão. No entanto, esse exercício de precisão pode apreender certas ressonâncias que estão fora de uma narrativa esotérica tradicional. Em suma, em nossa concepção de vida, orgânica e inorgânica, tudo que é dinâmico é vida [xxxiv] ou seja, muito do que está para além da Terra é vida extraterrestre, por definição. A postura ética então passa por evitar a ressonância com questões bélicas e objetais. Se, por uma questão de precisão e da problematização do dualismo, preferimos habitar um Mundo sem Objetos,[xxxv] estamos menos interessados em ressoar com raças bélicas, seja de que quinhão cósmico for, e sim, ressoar com vibrações que ampliem nossa capacidade de modulação, fazendo com que nossa ética seja também uma ecologia cósmica. Se o poder ressoa com entidades cósmicas bélicas, nosso trabalho é apenas vibrar em ressonâncias mais alegres: “quando as intensidades passam, não há imagem alguma.”[xxxvi]
Se não podemos afirmar que extraterrestres e/ou “espíritos malignos” estão no topo da cadeia do poder, essas restrições vibracionais podem ser transduzidas em um vórtex que expressa o poder restringindo as vibrações em seu campo, cujos agentes, players, se instalam nele, ecoando as restrições vibracionais, de modo que, se há uma grande e terrível magia expressa pelo poder, seria a de fazer eco com esse vórtex restritor. O atrator ou “indivíduo” que se instala nesse vórtex restritor, que, por sua vez, expressa o poder, vai adquirir hábitos sociopáticos, sem simpatia por outros atratores, o que é diferente de um diagnóstico definitivo de “sociopata”. Não estamos interessados em anamnese e sim em esquizoanálise. No entanto, quanto mais um atrator se instala nesse vórtex, mas ele tende a se viciar, sendo cada vez mais difícil esse atrator apreender o amor incondicional na instância de vibração máxima.
A história não parou de negar os nômades.
Deleuze e Guattari
O poder convida sempre a uma relação dualista, de preferência uma relação contra algo,[xxxvii] nem que seja contra ele mesmo, como vimos em Burroughs. A questão da guerra, da luta, envolve se ater num embate que nos coloca num lugar de coagulação ou densidade, enfatizando o decaimento em “sujeito” em relação a algum “objeto”. Nossa proposta é instaurar cada vez mais uma insurreição vibracional.[xxxviii] A insurreição vibracional propõe uma ressonância cada vez mais ampla de modo que cada vez mais atratores habitem uma vibração para além da guerra e dos dualismos, de modo a ressoar cada vez menos com o poder.[xxxix] Ampliar as modulações é a atitude mais adequada diante das restrições modulacionais do poder e seu controle.
O poder quer que a todo tempo nos preocupemos com pandemias, guerras, desastres ecológicos e pobreza. Todos esses problemas são reais e muitos deles criados pelo poder, que oferece soluções que vão aumentar ainda mais seu controle: a solução para as pandemias são cartões subcutâneos de dados biológicos, a solução da pobreza é uma Renda Básica Universal que transforma toda a população em rebanho do poder, a solução dos problemas ecológicos é encarecer os produtos advindos da natureza de modo que apenas os ricos terão acesso a eles, sendo que lugares como a Amazônia terão suas ações vendidas em Wall Street. De um lado, é preciso que estejamos cientes desses problemas, a fim de evitar cair em soluções fáceis, oferecidas pelo próprio poder; de outro, uma atitude em ir contra, só aumenta a dualidade do sistema, retroalimentando o próprio poder, ganhando com isso as desculpas para reforçar as forças policiais, militares e de vigilância. Há de se criar outros modos de existência nesse mundo, baseados em auto-organização e relações mais alegres, ou seja, menos uma alienação new age e mais uma atitude prática, sensível às vibrações e menos opositiva. O melhor modo de minimizar o poder é viver uma vida para além dele.
O poder quer preservar a onipresença da Segunda Lei da Termodinâmica,[xl] ou seja, a entropia (tendência espontânea de um sistema à desordem), que a psicanálise chama tragicamente de “pulsão de morte” (preferimos criar um Corpo sem Órgãos!). É preciso ir além de Schrödinger[xli] (a vida metaboliza a entropia negativa do seu entorno gerando entropia positiva), Prigogine[xlii] (as estruturas dissipativas que mantém o vivo apenas numa auto-organização longe do equilíbrio termodinâmico), de Penrose[xliii] (sua Conformal Cyclic Cosmology que, com seus buracos negros e brancos, postula um arrefecimento da entropia em dado momento do ciclo cósmico) e até mesmo os extropianos (sofisticar a tecnologia para obter a vida eterna) para afirmar, radicalizando o impulso vital bergsoniano[xliv] e o conceito de vida em Ingold,[xlv] que o cosmos é vivo, pulsante e que a entropia é apenas uma incompreensão das reorganizações (as [re]territorializações de Deleuze e Guattari em Mil Platôs) na auto-organização cósmica, posto um cosmos imanente e contínuo, cuja discretude é uma ilusão que ocorre devido à imprecisão da percepção da variação de vibrações, ou seja, na diferença ao longo do sutil (alta vibração) e denso (baixa vibração). Em outras palavras, a disrupção no controle se dá porque, a despeito da ilusão de entropia, a vida insiste em si mesma.[xlvi]
Mas como cultivar uma ecologia das ressonâncias, que citamos anteriormente? O sociólogo alemão Hartmut Rosa, em seu Ressonance: A Sociology of Our Relationship to the World, propõe a ressonância como alternativa a um mundo cada vez mais acelerado, além de diferir a ressonância da consonância ou seu oposto, a dissonância e também da harmonia, que pode até ser bonita, mas não expressiva. Segundo Rosa, o que o nazismo promoveu não foi ressonância, mas apenas ecos, destituídos, diríamos, de simpatia (alguns, como o próprio Rosa, diriam “empatia”[xlvii]). A ressonância é um diálogo ao longo de dois ou mais vórtexes independentes que não apenas permite, mas demanda contradição: “Inimigo será, neste sentido, aquele que não aceita discordar. Inimigo é aquele que exige concordância, sempre; amigo, pelo contrário, é aquele que aceita e, por vezes, até exige discordância”.[xlviii]
Se, de um lado, é impreciso identificar uma instância última do poder e seu controle, ou seja, quem ou que está no topo definitivo, podemos apreender que seus players se instalam enquanto atratores de vórtexes cujos ecos são restritivos. Esses vórtexes transtemporais se expressam enquanto um palimpsesto, trazendo a memória dessas confabulações em controlar.[xlix] Se esses vórtexes podem, de acordo com a conceituação acima, serem identificados enquanto “inimigos”, nossa estratégia com eles não é a do embate direto, e sim, ao ressoar com vórtexes éticos que ressoam uma cada vez mais ampla capacidade de modulação, torná-los cada vez mais inócuos, perdendo eco.
Uma das nossas propostas nos transaberes é justamente operar uma curadoria das emergências, desviando-se do controle ao relacionar os transfinitos, a habitar uma ausência de causa e efeito, trazer a mística novamente como saber legítimo, se atentar às vanguardas artísticas, promover um conjugalismo; cuja ecologia das ressonâncias, ao ampliar a capacidade de modulação dos atratores, culmina numa espontânea insurreição vibracional.
Os passos para uma ecologia das ressonâncias suscitam um dançarino sutil, como no poema homônimo do escritor português/angolano “inexistante e insituável” Gonçalo M. Tavares.[l] O desespero do quebra-galho em Philip K. Dick se transduz em um dançarino sutil, cuja alegria e capacidade de modulação é mais ampla. Uma liberdade em caráter vibracional envolve modular cada vez mais do denso ao mais sutil, adquirindo proficiência na dança cósmica, desreferencializando enquanto nômades os corpos no tempo e espaço, emergindo no aqui e agora. O dançarino sutil desvia-se do controle e lhe dá um adeus de soslaio, rumo aos esplendores que pulsam com alegria no infinito.
[i] “Todos os jogos são hostis. (….) Não há jogos em que todos ganham.”, William S. Burroughs, La revolución electrónica.
[ii] José Nunes Carreira, Filosofia antes dos gregos.
[iii] Ver artigo de Stefan Pfeiffer, “Egypt And Greece Before Alexander” e o livro de Thomas McEvilley, The Shape of Ancient Thought: Comparative Studies in Greek and Indian Philosophies.
[iv] O filósofo Pierre Hadot mostra em seu Exercício espirituais e filosofia antiga, que, na escolástica da Idade Média, teologia e filosofia distinguiram-se claramente, sendo que a filosofia foi esvaziada dos exercícios espirituais, por sua vez presentes, por exemplo, no estoicos e em Plotino.
[v] O universo inacabado: a nova face da ciência.
[vi] Luiz Costa Lima, O controle do imaginário & a afirmação do romance.
[vii] O problema da ausência de uma filosofia propriamente brasileira e uma insurgência para além disso é proposta em nosso artigo “Pororoca: a criação ‘brasileira’ enquanto levante”.
[viii] Ver o livro de Robert Ellwood, The Politics of Myth: A Study of C. G. jung, Mircea Eliade, and Joseph Campbell e nosso artigo “Os super-heróis e a disneyficação do imaginário”.
[ix] A alteração dos mundos: Versões de Philip K. Dick.
[x] Dr. Eduardo Almeida e Luís Peazê, O elo perdido da medicina e o artigo de Olshansky, Passaro etc., “A Potential Decline in Life Expectancy in the United States in the 21st Century”.
[xi] Giorgio Agamben, Em que ponto estamos? A epidemia como política e Robert Kennedy J., The Real Anthony Fauci: Bill Gates, Big Pharma, and the Global War on Democracy and Public Health.
[xii] Estado de exceção – Homo Sacer, II, I.
[xiii] Ver artigo de Giorgio Agamben, “A propósito de Tiqqun”.
[xiv] Tecnognose: mito, magia e misticismo na era da informação.
[xv] La revolución electrónica.
[xvi] Imagining for Real: Essays on Creation, Attention and Correspondence.
[xvii] Ver nosso artigo “Tratado da contundência: preâmbulo de um inescrito”.
[xviii] Stuart Clark, Pensando com demônios.
[xix] Ver nosso livro Confluência entre magia, filosofia, ciência e arte: a Ontologia Onírica.
[xx] John Micklethwait e Adrian Woolldridge, Companhia: Breve história de uma ideia revolucionária.
[xxi] Para a questão dos grandes fundos de investimento, seu controle e sua influência no Fórum Econômico Mundial capitaneado por Klaus Schwab e seu Great “você não terá nada, mas será feliz” Reset e sua Grande Narrativa, indicamos o canal Verdade Concreta do geógrafo e publicitário Thiago Espíndula, que traz atualizações diárias e muito precisas.
[xxii] Antony Sutton, Wall Street and the Bolshevik Revolution: The Remarkable True Story of the American Capitalists Who Financed the Russian Communists.
[xxiii] Ver artigo de Susan Gross Solomon and Nikolai Krementsov, “Giving And Taking Across Borders: The Rockefeller Foundation and Russia, 1919–1928”.
[xxiv] Edwin Black, Conexão nazista.
[xxv] Frances Stonor Saunders, Quem pagou a conta? A CIA na guerra fria da cultura.
[xxvi] Daniel Estulin, TransEvolução: A era da eminente desconstrução da humanidade.
[xxvii] Andrew Korybko, Guerras híbridas: das revoluções coloridas aos golpes.
[xxviii] Ver artigo de François du Cluzel, “Guerra cognitiva”.
[xxix] Eugene McCarraher, The Enchantments of Mammon: How Capitalism Became the Religion of Modernity.
[xxx] Comitê Invisível, A insurreição que vem.
[xxxi] Projeções da consciência.
[xxxii] Para uma ficção que coloca de modo instigante as relações do poder com a economia e a mística, ver a história em quadrinhos The Black Monday Murders, de Hickman e Coker, ainda sendo publicada e o romance de Mariana Enriquez, Nossa parte da noite.
[xxxiii] Ver nosso artigo “Íntima co(s)micidade”.
[xxxiv] Ver artigo de Atilla Granpierre, “Biologically Organized Quantum Vacuum and the Cosmic Origin of Cellular Life”.
[xxxv] Tim Ingold, The Life of Lines.
[xxxvi] Gilles Deleuze, Cartas e outros textos.
[xxxvii] Philip K. Dick vai ser útil aqui também, sobretudo em suas questões relativas à onipresença do Império, em que ele diz que lutar contra o Império é mantê-lo, o que ressoa de certa forma com a proposição de Burroughs. Ver nosso artigo “Philip K. Dick: para além do Império”.
[xxxviii] Ver nosso artigo “Insurreição vibracional”.
[xxxix] O músico experimental Tato Taborda, em seu brilhante livro Ressonâncias: vibrações por simpatia e frequências de insurgência, aponta estudos diversos como os que informam ser o coração enquanto gerador de um campo eletromagnético cinco mil vezes maior que o cérebro e outros que mostram a eficácia da meditação coletiva para ressoar com a frequência fundamental do corpo-planeta.
[xl] Peter Lamborn Wilson, The New Nihilism.
[xli] O que é vida?
[xlii] As leis do caos.
[xliii] Cycles of Time: An Extraodinary New View of the Universe.
[xliv] O conceito de impulso vital de Henri Bergson é desenvolvido em seu livro A evolução criadora, no entanto, seu estatuto mais animista e radical vai surgir em seu artigo “A percepção da mudança”.
[xlv] O conceito de vida perpassa toda a obra de Tim Ingold, mas é em seu artigo “Life in a Whirl” que ele aparecerá de um modo mais definitivo, a partir de Bergson.
[xlvi] Ver nosso artigo “Em que a vida insiste?”.
[xlvii] Ver artigo de Bubandt e Willerslev. “The Dark Side of Empathy: Mimesis, Deception, and the Magic of Alterity. Comparative Studies in Society and History”.
[xlviii] Gonçalo M. Tavares, Atlas do corpo e da imaginação: teoria, fragmentos e imagens.
[xlix] Para apreender mais amplamente o vórtex enquanto palimpsesto, ver nosso artigo “Slasher redivivo”, em que trabalhamos esse gênero do terror e suas brechas, que nos ajudam a evidenciar e desviar do controle.
[l] O livro da dança.