Poema
Afinal, disse o senhor-de-terno-escuro,
se soubéssemos ao menos por que devemos esperar pela noite para
podermos sair dessa caverna, eu ficaria mais tranquilo.
Os outros, vestidos como serviçais,
olhavam,
quietos,
o tempo todo para fora
exceto Writ
ele andava em volta do círculo como se mergulhando em antiga
remota
muito remota
viagem.
A carcaça do tigre-dentes-de-sabre
que oscilava ao vento na entrada principal trazia um cheiro insuportável.
Um estranho diálogo começou então
mas de onde eu estava não podia ouvir o que discutiam
só rumores.
Por minha hesitação,
a hora de estar no sonho já tinha passado
e todos se acumulavam na saída para poderem
(desta vez, enfim!)
entrarem por essa ponte no sonho do outro.
Uma bolinha (um odradek?) começou a rolar por entre suas pernas
a princípio timidamente. Depois, com mais rapidez
outra bolinha apareceu
e mais outra
e outra mais
e a quantidade delas foi crescendo de tal modo que ele se embaralhou pela noite adentro
correndo desesperadamente
fugindo dessa caverna.
O tigre-dentes-de-sabre que o esperava lá fora
(todos sabíamos disso)
se apoderou de sua alma e de seu corpo.
sem esforço.
fácil, como esperar a noite.
M. Novello